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    crítica

    'O Sétimo Selo' segue atual como antídoto à intolerância religiosa

    RICARDO CALIL
    CRÍTICO DA FOLHA

    23/07/2015 02h20

    Para o bem e para o mal, "O Sétimo Selo" ficou marcado na história do cinema pela imagem da partida de xadrez entre o cavaleiro Antonius Block (Max von Sydow) e a Morte (Bengt Ekerot).

    Por um lado, tratava-se de uma metáfora fácil de codificar, que ajudou a ampliar o público de Bergman. Por outro, a alegoria foi tão imitada por diretores menos talentosos que se banalizou.

    Divulgação
    Cena do filme "O Sétimo Selo" ("Det Sjunde Inseglet", Suécia, 1957), dirigido por Ingmar Bergman.
    Cena do filme "O Sétimo Selo" ("Det Sjunde Inseglet", Suécia, 1957), dirigido por Ingmar Bergman.

    Na revisão do filme em uma cópia tinindo de nova, tudo fica mais nítido: as cenas de xadrez têm mais nuances e mais humor do que a memória do crítico conseguia guardar. Aliás, o filme retorna como um espetáculo menos sisudo, menos pomposo, distante da impressão de autoimportância que marcou a visão anterior.

    Claro, ainda estão lá os densos questionamentos religiosos e existenciais de Block quando ele retorna das Cruzadas para uma Suécia devastada pela peste negra e dominada pela Inquisição.

    Mas há também muita leveza, até alguma picardia, nas sequências dos artistas mambembes com que Block cruza. Bergman alterna os dois tons com elegância, sem sobressaltos, para criar uma obra que instiga e entretém.

    A revisão ainda coloca em xeque o senso comum de que se trata de um cineasta teatral. A contenção das atuações, a inteligência dos enquadramentos e a fluidez da câmera negam essa hipótese.

    Por fim, é preciso reforçar que "O Sétimo Selo" continua bastante atual na sua defesa da arte como antídoto à intolerância religiosa em tempos apocalípticos –sejam os da peste negra na Idade Média, os da Guerra Fria na época de lançamento do filme ou os de iminente catástrofe ambiental no presente.

    Se a resistência ao tempo é o atestado da relevância de um filme, então não há discussão: "O Sétimo Selo" merece seu status de obra-prima.

    O SÉTIMO SELO (DET SJUNDE INSEGLET)
    QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (23)
    ELENCO: MAX VON SYDOW, BENGT EKEROT
    PRODUÇÃO: SUÉCIA, 1957, 16 ANOS
    DIREÇÃO: INGMAR BERGMAN

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