Com a presença do diretor Gabriel Mascaro e dos atores Juliano Cazarré, Aline Santana e Abigail Pereira, "Boi Neon" foi exibido nesta quinta-feira (3) no Festival de Veneza.
Na competição pela mostra paralela Horizontes, dedicada a novas tendências estéticas, o filme mostra um Brasil que foge dos clichês do país a que os festivais de cinema se acostumaram: exibe um Nordeste rico, de machos nem tão machões e de sertão colorido.
"Eu não buscava o Brasil das tradições, mas o que mudou economicamente e modificou as relações humanas", diz à Folha o diretor do filme, o pernambucano Gabriel Mascaro. "Não queria o Nordeste do cinema novo, aquele da fome, da miséria."
"Boi Neon" repete o feito do longa anterior de Mascaro, "Ventos de Agosto", que também passou pelo circuito das mostras internacionais e ganhou menção honrosa em Locarno, na Suíça, no ano passado.
Do filme anterior, o novo guarda semelhanças: pouca trama e uma investigação quase documental da vida dos personagens: gente como Iremar (Juliano Cazarré), vaqueiro viril que se interessa por costurar vestidos, e Galega (Maeve Jinkings), mulher abrutalhada que dirige caminhão e entende de ferramentas.
"Não é bem uma inversão dos gêneros, mas uma dilatação deles", afirma o cineasta. "Coisa que é possível nesse Nordeste contemporâneo, que é mais aberto."
Corpo que é exibido em demoradas cenas com nudez. Numa longa sequência, o personagem de Cazarré transa em cima de uma mesa de costura.
Após sua exibição, "Boi Neon" recebeu crítica positiva de Peter Debruge, da "Variety", que elogiou o "olhar não convencional de um mundo brasileiro dominado por homens, com foco em um vaqueiro que sonha com uma carreira fashion."