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    Luiz Gê repassa 50 anos de ilustrações em retrospectiva

    BEATRIZ MONTESANTI
    DE SÃO PAULO

    09/09/2015 02h45

    Após mais de meio século de carreira, o ilustrador Luiz Gê, 64, se deparou pela primeira vez com o ato de revisitar seu trabalho e, com isso, criar uma nova obra: sua primeira retrospectiva.

    Elaborada inteiramente pelo artista, a exposição que mostra a trajetória de um dos fundadores da revista "Balão" –experiência pioneira dos quadrinhos autorais no país e responsável por lançar nomes como Laerte, Paulo Caruso e Angeli– pode ser vista até o dia 4 de outubro no Salão de Humor de Piracicaba (interior de São Paulo), cujo júri Luiz Gê preside neste ano.

    Ele fala sem modéstia do resultado, que reúne cerca de 600 obras feitas desde os anos 1960. "É a melhor exposição de quadrinhos que já vi."

    No Armazém 14 do Parque Engenho Central, seus trabalhos estão postos de forma tridimensional. De acordo com o caminhar do observador, a disposição pretende dar vida aos quadrinhos. "Os desenhos vão andando no espaço e podemos acompanhar as mutações de um para outro. Ficou animado", descreve.

    O caminho começa em um painel impresso em poliuretano de 3,5 m por 2,5m, que se desdobra em outros menores, todos reproduzindo histórias de Luiz Gê. Entre eles, algumas obras originais, comparadas a suas reproduções agigantadas. Tudo feito "nesse tema de construir um ritmo de narração", explica.

    A mostra traz ainda alguns projetos de fôlego do artista, como o álbum "Avenida Paulista" (1991), um dos primeiros romances gráficos brasileiros. A obra narra cem anos de transformações da famosa via e hoje pode ser encontrada nas livrarias em edição da Companhia das Letras.

    Há também na mostra suas ilustrações para capas de CD's de Arrigo Barnabé –que por sua vez musicou ilustrações do amigo–, gibis e uma HQ feita sobre o corpo de um manequim, a "Borba Gata".

    "Eu queria uma coisa meio louca, e fui por aí. É uma obra irônica, que tira sarro da exploração sobre o corpo."

    Além da "Balão", o ilustrador soma passagens pelas revistas "Status" e "Circo". Ainda contribuiu como chargista para veículos como Folha, "Estado de S. Paulo", "Jornal da Tarde" e "O Pasquim".

    Suas charges feitas para a Folha no regime militar, expostas agora em Piracicaba, serão reunidas no livro "Ah, como Era Boa a Ditadura!" (Companhia das Letras), ainda sem data de lançamento.

    Formado em arquitetura pela USP, Luiz Gê já foi premiado pelo Salão, "há milhões de anos", nos anos 1970, quando iniciava seus trabalhos como quadrinista. Hoje, como presidente do júri, tenta jogar luz na prática.

    "Acho que o evento deveria dar mais ênfase ao quadrinho, porque o pessoal jovem tá mais ligado a isso atualmente." No que depender dele, a arte esteve bem representada neste ano. "A exposição é uma obra minha por si só."

    LUIZ GÊ QUADRO A QUADRO
    QUANDO de ter. a sex., das 9h às 17h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 20h, até 4/10
    ONDE Armazém 14 do Parque Engenho Central, av. Maurice Allain, 454, Piracicaba (SP), tel. (19) 3403-2615
    QUANTO grátis

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