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    CRÍTICA

    'Nosferatu', de Herzog, é o mais inquietante filme de vampiro

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/09/2015 02h15

    Em 1922, o diretor F.W. Murnau (1888-1931) transcende o expressionismo alemão com "Nosferatu", baseado em "Drácula" do irlandês Bram Stoker. Era um filme perfeitamente sintonizado com o espírito do tempo: a crise econômica alemã e o cinema da UFA –rede de estúdios cinematográficos do país– demonstrando intensa criatividade.

    Em 1979, Werner Herzog, um dos principais representantes do Cinema Novo Alemão, realiza "Nosferatu "" O Vampiro da Noite", igualmente sintonizado com seu tempo: o som progressivo da banda Popol Vuh, pequenas doses do maneirismo típico dos anos 70, atores que representam o cinema de arte europeu.

    O "Nosferatu" de Herzog, com paisagens sombrias e música intimista, é tão impactante quanto o original. Mostra que é possível traduzir para novos tempos uma obra essencial à história do cinema.

    O enredo é conhecido: o corretor imobiliário Jonathan (Bruno Ganz) vai até o castelo do Conde Drácula (Klaus Kinski), na Transilvânia, para lhe vender uma propriedade. Chegando lá, descobre que o Conde não é uma pessoa normal. Ou melhor, sequer é uma pessoa.

    Divulgação
    Cena do filme Nosferatu Crédito divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Cena do filme "Nosferatu", de Werner Herzog

    Conde Drácula inferniza a cidade, levando consigo milhares de ratos e o desejo de possuir a esposa de Jonathan, Lucy (Isabelle Adjani).

    Este é o filme mais palatável de Herzog até então, e um dos mais populares de sua carreira. O estranhamento está presente, mas não com a intensidade de "Coração de Cristal" (1976), sua obra-prima, ou "Stroszek" (1977).

    O início é primoroso. Cenas de cadáveres em processo de decomposição dão lugar a um morcego voando pela noite em câmera lenta. É o pesadelo de Lucy, que acorda assustada ao lado de seu marido.

    Mais adiante, um morcego real invade seu quarto, escalando a cortina e fazendo um barulho aterrorizante. É a presença do Conde Drácula, após invadir seu inconsciente.

    O filme de Herzog não é romântico como o livro de Stoker ou suas adaptações mais conhecidas: o "Drácula" de John Badham (1979) e o de Francis Ford Coppola (1992).

    "Nosferatu " tampouco é o melhor filme de vampiro já realizado. Mas talvez seja o mais inquietante.

    NOSFERATU - O VAMPIRO DA NOITE (Nosferatu: Phantom Der Nacht)
    DIREÇÃO Werner Herzog
    ELENCO Klaus Kinski, Isabelle Adjani
    PRODUÇÃO Alemanha, 1979, 14 anos
    QUANDO em cartaz

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