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Thursday, 21-Nov-2024 10:18:07 -03CRÍTICA
Em 'Perdido em Marte', futuro é divertido e cheio de esperança
DOUGLAS LAMBERT
EDITOR-ASSISTENTE DA "TV FOLHA"01/10/2015 02h10
Esqueçam o espaço hostil de "Alien" (1979) e a distopia de "Blade Runner" (1982). O futuro que o diretor Ridley Scott nos apresenta em "Perdido em Marte" é outro: divertido e cheio de esperança.
Após o sucesso de duas missões tripuladas à Marte, a Nasa tem o primeiro revés.
Durante a evacuação do planeta vermelho em decorrência de uma tempestade, a tripulação da Ares 3 deixa em solo marciano o astronauta Mark Watney (Matt Damon), dado como morto após sofrer um acidente. Com recursos limitados, ele precisa se virar até a chegada de um possível resgate.
Essa simplificação pode enganar quem pensa que tudo não passa de uma mistura de "Apollo 13" (1995) com "Náufrago" (2000). "Perdido em Marte" não é a história de um sujeito isolado que luta para sobreviver, mas sim uma magnífica declaração de amor à ciência e ao futuro da exploração espacial.
Quando Stanley Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke se uniram para produzir "2001 - Uma Odisséia no Espaço", o programa Apollo estava próximo de seu ápice. A curta janela entre o lançamento do filme, em 1968, e as primeiras pegadas de Neil Armstrong na Lua, em 1969, causou um tipo de ruído.
Por conta dos efeitos especiais criados por Douglas Trumbull, com o suporte de uma concepção realista do futuro, surgiram teorias que afirmam que as imagens dos pousos lunares foram forjadas por Stanley Kubrick a pedido da Nasa.
Esse ceticismo conspiratório é combatido por grandes divulgadores científicos, como o astrofísico Neil deGrasse Tyson. O livro de Andy Weir, no qual "Perdido em Marte" se baseia, certamente colabora com eles. Todos os problemas que o programa Ares enfrenta são absolutamente reais e suas soluções são cientificamente corretas.
Mas se no livro Weir consegue manter o leitor interessado pela qualidade do texto, no filme é Matt Damon quem faz esse papel. Seu Mark Watney nunca é reduzido à fácil figura do cowboy do espaço e suas reações diante das dificuldades da missão soam humanas e fiéis às de um astronauta treinado à exaustão.
Infelizmente ainda estamos longe da primeira missão tripulada à Marte, e é pouco provável que as primeiras imagens do homem por lá sejam atribuídas a Scott, mas a sensação ao fim da sessão é a mesma de "2001" na era das missões Apollo: o ser humano e a ciência são incríveis.
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