O esfacelamento do movimento hippie nos anos 70 deu origem a uma geração que pregava a revolução por meio de plataformas, glitter e uma virilidade às avessas que se consagrou na voz de Marc Bolan, do T.Rex, e Ziggy Stardust, alter ego de David Bowie.
A força da androginia ousada de Bowie, maior nome do glam rock, só é comparável à revolução dos góticos nos anos 1980, que brotam a partir de bandas como The Cure, e os grunges dos anos 1990, influenciados pelo Nirvana.
O glam e o gótico são destaques do novo volume da coleção Moda de A a Z, que a Folha lança no próximo domingo (18). A edição comprova a indissociável relação entre música e moda.
É impossível entender o universo de Bowie sem analisar suas roupas, que bebem da fonte de pós-modernismo, futurismo, Fritz Lang e teatro japonês kabuki. Como uma metáfora do seu tempo, o álbum "Ziggy Stardust and The Spiders from Mars" inspira diversos estilistas anos depois de seu lançamento, em 1971.
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David Bowie, ícone do glam e referência para estilistas |
Gênios da costura como os ingleses Alexander McQueen e Vivienne Westwood foram influenciados por Bowie –os dois, aliás, o vestiram depois do álbum "Aladdin Sane".
Do lado oeste do oceano Atlântico, a banda americana Kiss implementa essa estética com maquiagem exagerada, roupas justas, sapatos altos e lantejoulas.
Os Estados Unidos importam da Inglaterra boa parte dessa onda de glamour, mas é o gótico que chega aos anos 1980 com força avassaladora.
O termo gótico é usado no final dos anos 1970 para identificar o estilo do Joy Division. Ganha refinamento, porém, com Robert Smith, do The Cure –é então alçado à estética.
Cabelos tingidos de preto e alisados, tez pálida e o uso de malhas e meias de rede e longos sobretudos de couro identificam essa turma.
Ao mesmo tempo, a "sujeira" do grunge (que deriva do inglês "grungy", ou seja, sujo e desleixado) invade as ruas de Seattle graças ao Nirvana e logo ganha todo o Ocidente. Os jeans rasgados, as camisas de flanela e os tênis All Star viram o uniforme da juventude.
Até hoje o grunge é referencial de inconformismo. O gótico, por sua vez, ressurgiu nos anos 2000 após um período de decadência. Marylin Manson e estilistas como John Galliano e Alexander McQueen ajudaram nesse revival, que gerou ramificações como o emo.