Todo o mundo sabe como será um show de Iggy Pop, mas nem por isso a performance do roqueiro de 68 anos deixa de arrebatar. Na primeira noite do festival Popload, no Audio, em São Paulo, o cantor aplicou uma surra sonora ao iniciar a apresentação com um desfile de hits de sua carreira.

Iggy abriu com "No Fun", clássico de sua antiga banda, Stooges, e em sequência tocou "I Wanna Be Your Dog", "The Passenger" e "Lust For Life", para êxtase de um público que só lotou a pista do palco principal no momento do show do americano. Logo depois da primeira canção, a jaqueta preta que vestia foi jogada no chão, e ele então voltou ao visual de sempre: calça jeans agarrada e sem camisa, com o físico musculoso e cheio de veias à mostra.

	Eduardo Anizelli/Folhapress
	Iggy Pop se apresenta na primeira noite do festival Popload, em São Paulo

Sem deixar muitos espaços entre as músicas, Iggy e sua banda fizeram um show agressivo, de pouco mais de 1h30min, no qual o cantor mergulhou na plateia, mandou beijinhos e não parou de se contorcer. Se nesta terceira passagem do roqueiro pelo Brasil outros clássicos como "Search and Destroy" e "Raw Power" também estavam no repertório, o hit "Candy" ficou de fora.

No mesmo horário, o dj norueguês Todd Terje, responsável pelo elogiado disco "It's Album Time", levava a pista do palco secundário a momentos transcendentais. A escalação encavalada de dois destaques do festival foi o único problema na organização, que prezou pela pontualidade das apresentações. Antes, no mesmo palco de Iggy, o rapper Emicida —que cantou o tempo todo com um pente fincado na cabeça, uma espécie de ode aos cabelos crespos— apresentou show baseado nas faixas de seu último disco, "Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa". Junto a uma banda com percussão, guitarras, baixo e dj, o paulistano fez incursões por ritmos africanos —o álbum foi composto na África—, samba e rock.

DECLARAÇÕES

As duas primeiras atrações da noite de abertura do festival tiveram em comum declarações de amor à música brasileira. A cantora americana Natalie Prass, que publicou em seu Instagram foto de uma loja de discos da Galeria do Rock em que um homem segura capa de álbum de Gal Costa, disse por duas vezes ser fã da música do país. Já o norueguês Sondre Lerche afirmou que aprendeu a fazer suas "progressões de acordes" com composições brasileiras e cantou "San Vicente", de Milton Nascimento, à capela.

Transbordando charme, Natalie fez show no qual tocou as delicadas faixas de seu álbum de estreia, com destaque para o vocal soul de "Bird of Prey", "My Baby Don't Understand Me" e da bela "Why Don't You Believe in Me". Ela também brincou com o público ao tocar versões de "The Sound of Silence", clássico folk de Simon & Garfunkel, e "Any Time, Any Place", sucesso r&b de Janet Jackson. Embora o público no momento do show de Natalie fosse escasso, os presentes a aplaudiram com entusiasmo.

Os toques de bossa nova no indie rock de Lerche também foram bem recebidos pela plateia do Popload, que cantou junto com o norueguês em "My Hands Are Shaking" e "Bad Law". Performático, por vezes até forçado, o cantor e guitarrista alternou momentos barulhentos junto à sua banda com um intervalo mais suave e solitário, mas acompanhado pelo público.

O segundo dia do festival, neste sábado (17), tem entre seus destaques os escoceses do Belle and Sebastian e os norte-americanos do Spoon.

SÁBADO (17)
Belle & Sebastian
Spoon
Cidadão Instigado
Barbara Ohana
Holy Ghost! (DJ Set)
Chris and Rich, do B&S (DJ Set)
Eric Duncan

POPLOAD FESTIVAL
QUANDO sábado (17), a partir das 18h
ONDE Audio Club, av. Francisco Matarazzo, 694, tel. (11) 3862-8279
QUANTO de R$160 (meia, pista, um dia) a R$720 (inteira, camarote, dois dias), no site sympla.com.br/poploadfestival ou na loja Japonique (r. Girassol, 175, Vila Madalena), de seg. a sex., das 10h às 19h. Classificação 18 anos> www.poploadfestival.com