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    Molecada no Brasil é muito louca, diz Mac Demarco em turnê pela América do Sul

    DAIGO OLIVA
    EDITOR-ADJUNTO DA "ILUSTRADA"

    24/11/2015 15h32

    Boné e tênis gastos, moletom milimetricamente sujo e um antigripal no bolso do macacão de estampa militar faziam o visual de Mac Demarco no último sábado (21), quando o canadense conversou com a Folha.

    Em São Paulo para se apresentar no Balaclava Fest, evento no Audio Club que ocorreu no mesmo dia, o músico trocou o jeito abobalhado que conquista milhares de fãs por um semblante apático, provocado por uma gripe e pela viagem desde Belém, onde tocou na noite anterior.

    Nada que diminua o carisma do autor dos excelentes discos "2" e "Salad Days". Os dentinhos separados e seu humor nonsense fazem de Mac um personagem completo. Nos shows, quando se dirige ao público, o faz com voz fininha, debochada mas espontânea, na mesma toada do quarteto que o acompanha. É assim também em sua conta no Instagram, na qual publica dezenas de fotos fazendo caretas escrotas, recheadas de ironia e afetação.

    "Isso é parte do que eu sou", defende-se o guitarrista. "Não finjo ser outra pessoa, mas como a imprensa gosta e isso talvez seja mais louco ou interessante de falar, fixam-se mais nisso. Tudo bem, se é o que as pessoas querem..."

    Coley Brown/Divulgação
    Mac Demarco
    O músico canadense Mac Demarco

    Embora essas tantas referências não musicais chamem a atenção, elas não se sobrepõem à qualidade das composições do canadense de 25 anos. As melodias que constrói grudam como chiclete, assim como os curtos solos de guitarra, facilmente assobiáveis. Ao mesmo tempo em que parecem simples, as canções combinam elementos muito diversos. Para confundir aqueles que perguntam como rotular sua música, Mac inventou o termo "jizz jazz" que, admite, não quer dizer nada. "Isso os obriga a escutar os discos."

    Quem ouviu percebeu traços de folk, indie, da atmosfera etérea de faixas do Pink Floyd e até de artistas japoneses, influência declaradas em várias entrevistas. A canção "Chambler of Reflection", por exemplo, está entre o plágio descarado e a homenagem apaixonada a "The Word II", de Shigeo Sekito. "Nos últimos anos eu ouvi muita coisa do Japão, e antes eu joguei muito videogame, então tem também as músicas do 'Final Fantasy'", conta.

    Esta é a segunda passagem pela América do Sul, agora para divulgar seu último álbum, "Another One". No ano passado, ainda uma figura pouco conhecida, ele encheu duas noites no Sesc Belenzinho, em São Paulo, nas quais o público já mostrava dominar seu repertório. Dessa vez, o clima foi de euforia. Qualquer frase balbuciada era respondida aos gritos. Na parte final da apresentação, quando se jogou do palco, em um longo mergulho sobre o público, Mac roubou um cigarro de alguém na plateia, deu duas tragadas, subiu na grade do mezanino e saltou novamente. Histeria coletiva.

    Para Mac, o público da América do Sul lembra os shows na costa oeste dos EUA e na Inglaterra, onde "a galera é ahhhhhhhhhh", demonstra ele. "A molecada no Brasil é muito louca, na Argentina também."

    Nesta quarta (25), às 20h, os fãs de Porto Alegre poderão assistir ao último show da turnê pelo continente, que ocorre no Opinião.

    MAC DEMARCO
    QUANDO quarta (25), 20h
    ONDE Opinião (r. José do Patrocínio, 834, Porto Alegre. Tel. 51-3211-2838)
    QUANTO R$ 200

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