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    Encerramento definitivo da Cosac Naify acontecerá até o fim do ano

    DE SÃO PAULO

    02/12/2015 17h29

    No primeiro comunicado oficial desde o anúncio do encerramento de suas atividades, a editora Cosac Naify diz que, embora ainda não haja data para o fim definitivo, vai fechar as portas até o fim de dezembro.

    O fundador Charles Cosac divulgou a decisão de acabar com a editora, depois de quase 20 anos no mercado, na segunda-feira (30), em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo".

    Em nota, a Cosac afirmou que, gradativamente, entrará em contato com autores e colaboradores para acertos pendentes.

    A intenção da empresa é procurar outras editoras para repassar os livros que estavam em processo de produção. Charles designou a diretora editorial Florencia Ferrari para cuidar da transição.

    Bruno Poletti - 24.set.2015/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, 24.09.2015: EVENTO-SP - O empresário Charles Cosac - O estilista Alexandre Herchcovitch lançou o livro que comemora seus 20 anos de carreira, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, em São Paulo. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress)
    O empresário Charles Cosac

    "Vamos passar adiante de alguma maneira, mas ainda não sabemos como", disse ela à Folha. "O provável é que conjuntos de livros sejam vendidos para outras editoras."

    No site da editora, o fundador divulgou uma carta de agradecimento aos leitores (leia abaixo). "Ao me​u​ ver, uma editora deve existir exclusivamente para alimentar um projeto cultural e, quando eu senti o projeto Cosac Naify ameaçado, julguei que seria o momento correto para cessarmos nossas atividades", diz.

    Títulos da Cosac continuarão sendo vendidos, até acabarem os estoques, pela internet. A comunicação com os leitores será feita pelas redes sociais. A participação na Festa do Livro da USP, que acontece entre os dias 9 e 11 de dezembro, está mantida.

    'DESCARACTERIZADA'

    Criada há cerca de 20 anos, a Cosac Naify se especializou em publicar edições especiais, em pequenas tiragens, mas com grande cuidado com o design.

    Na entrevista ao "Estado de S. Paulo", Charles Cosac diz que a editora vinha se "descaracterizando".

    Na tarde de quarta (2), Cosac escreveu uma carta aberta aos leitores no blog da Cosac Naify. Ele agradece "as tantas manifestações de solidariedade" e se diz comovido "quando constato que nossas iniciativas não foram em vão".

    "Ao me​u​ ver, uma editora deve existir exclusivamente para alimentar um projeto cultural e quando eu senti o projeto Cosac Naify ameaçado, eu julguei que seria o momento correto para cessarmos nossas atividades. Como o fiz", continua no texto. "Dessa maneira, eu perpetuo um sonho belíssimo do qual tantos participaram e ajudar​am​ a construir." (Leia a carta na íntegra no fim do texto.)

    Seu primeiro livro foi "Barroco de Lírios", de Tunga, que trazia mais de dez tipos de papéis e 200 ilustrações. A obra tinha recursos sofisticados, como a fotografia de uma trança que, desdobrada, chegava a um metro de comprimento.

    Além de artes plásticas, a empresa publicou diversos títulos de arquitetura, poesia, literatura brasileira e clássicos estrangeiros.

    Com o tempo, o catálogo da editora, famoso por edições caras, foi incorporando livros mais baratos. Um dos marcos dessa mudança, criado em 2012, foi a coleção Portátil, de livros de bolso.

    Charles é sócio do empresário norte-americano Michael Naify. Os investimentos da editora estariam perto de R$ 70 milhões.

    *

    Leia carta de Charles Cosac aos leitores

    Meus queridos amigos

    Eu gostaria muitíssimo de agradecer ​a​ todos as tantas manifestações de solidariedade acerca do fim das atividades da Cosac Naify, quase dezenove anos depois. Eu fico, em verdade, comovido quando constato que nossas iniciativas não foram em vão e essa certeza somente os senhores, leitores e amigos dessa editora, podem me dar. Muito obrigado.

    Ao me​u​ ver, uma editora deve existir exclusivamente para alimentar um projeto cultural e quando eu senti o projeto Cosac Naify ameaçado, eu julguei que seria o momento correto para cessarmos nossas atividades. Como o fiz​.​ Dessa maneira, eu perpetuo um sonho belíssimo do qual tantos participaram e ajudar​am​ a construir.

    Eu sinto que tenho uma dívida enorme para com todos os senhores que lerem essa carta e, inclusive, para com minha própria editora através da qual eu os conheci e os senhores me conheceram também. Foi ótimo trabalhar na Cosac Naify todos esses anos e eu não poderia pensar em momentos mais felizes. Eu amo e agradeço igualmente à cidade de São Paulo, que me recebeu de braços abertos desde que a adotei como lar, há quase vinte anos.

    Por fim, eu peço que saibam, que além de gratidão eu senti muito orgulho, prazer e alegria de trabalhar para os senhores todos esses anos.

    Com sinceridade, o afeto e a paz que sempre luto para ter em mim.

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