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    CRÍTICA

    Scorsese e Jagger fazem violento louvor a sexo, drogas e rock na TV

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    15/02/2016 17h04 - Atualizado às 21h09

    "Vinyl", a série da HBO que teve estreia mundial na madrugada desta segunda-feira (15), traz o DNA de seus criadores e produtores, Martin Scorsese e Mick Jagger.

    De Scorsese, que também dirige o primeiro episódio (duplo, com duas horas), a série traz elementos caros ao cineasta: Nova York, década de 1970, imigrantes italianos, sexo, drogas, violência, mafiosos e discussões sobre honra, família e amizade.

    De Jagger, tem literalmente o DNA: James Jagger, 30, filho do Rolling Stone com a ex-modelo Jerry Hall, interpreta um dos personagens principais, o roqueiro Kip Stevens.

    Mick Jagger é o mentor do projeto e sua assinatura nos roteiros é uma chancela para que o espectador acredite que o ambiente nas grandes gravadoras em 1973 era realmente como a série exibe.

    Em 2007, quando trabalhavam em "Shine a Light", documentário de Scorsese que mostra um show dos Rolling Stones, Jagger disse ao diretor que gostaria de produzir um filme que mostrasse a indústria fonográfica com a pegada de seu longa "Cassino" (1995).

    Depois de produzir e lançar a série "Boardwalk Empire" em 2010, Scorsese pensou em tocar o projeto de Jagger também como seriado de TV.

    Bobby Cannavale, que foi um dos vilões de "Boardwalk Empire", se revela no primeiro episódio de "Vinyl" um ótimo condutor para a trama.

    Ele é Richie Finestra, dono da gravadora American Century. Depois de sucesso milionário nos anos anteriores, a empresa está quase falindo após errar muito nas contratações de novos artistas.

    As esperanças de sair do buraco e ainda ganhar uma bolada estão concentradas em duas apostas: acertar a vinda do Led Zeppelin para o elenco da gravadora e vendê-la ao grupo alemão Polygram.

    Finestra tentar costurar essa estratégia enquanto lida com a incompetência de seus funcionários, a tristeza de sua mulher que cuida sozinha de seus dois filhos pequenos, subornos às rádios, festas de sexo e bebedeiras e descidas ao submundo atrás de cocaína.

    Mas o que mais angustia Finestra é não lançar há tempos um artista no qual realmente acredite. A paixão dele pelo blues e pelo rock and roll é legítima, e Cannavale constrói muito bem esse personagem movido por amor à música.

    O episódio piloto já dá indícios das investidas futuras de Finestra, quando assiste chapado de cocaína a um show dos iniciantes New York Dolls -banda americana essencial para a formação do punk- e ao travar contato com a incipiente cena hip-hop.

    "Vinyl" será mais interessante para quem acompanhou a música dos anos 1970, mas tem qualidades para entreter gerações mais novas.

    Além de reconstituição de época primorosa -que reproduz gente real famosa como Robert Plant e John Bonham, do Led Zeppelin, e o pioneiro do rock Bo Diddley-, tem as explosões de violência que marcam os dramas pesados de Scorsese -a coisa fica feia na parte final do episódio- e um elenco atraente.

    A mulher de Finestra, uma ex-atriz e modelo protegida de Andy Warhol, é interpretada por Olivia Wilde, a médica "13" da série "House". Um dos sócios da gravadora, irreconhecível de cabelo comprido e barba, é Ray Romano, de "Everybody Loves Raymond".

    James Jagger se sai bem, assim como mais um nome de pedigree no elenco, a loirinha Juno Temple, filha do cineasta inglês Julien Temple, conhecido por seus filmes ligados ao universo do rock.

    Entre boas atuações, tensão crescente, violência e trilha sonora da pesada escolhida por Jagger, "Vinyl" promete.

    VINYL
    QUANDO segundas, à 0h03; quartas, às 20h;
    ONDE HBO

    Edição impressa

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