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    Spike Lee leva novo filme e polêmica racial do Oscar ao Festival de Berlim

    GUILHERME GENESTRETI
    ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

    16/02/2016 16h34 - Atualizado às 22h18

    A polêmica do #OscarsSoWhite, sobre a ausência de negros entre os indicados ao principal prêmio do cinema, ecoou no Festival de Berlim depois da exibição de "Chi-Raq", novo filme de Spike Lee.

    O longa do diretor americano, conhecido por tratar das tensões raciais, retrata o ultraviolento universo das gangues de Chicago -o título é uma corruptela entre o nome da cidade e o Iraque.

    "Não chamo de boicote ao Oscar, não estou dizendo a ninguém para não ir. Eu só estou fazendo o que acho que tem de ser feito", disse Lee em entrevista coletiva.

    O diretor já foi indicado duas vezes ao prêmio -a primeira por "Faça a Coisa Certa" (1989), sua obra mais famosa, e depois, em 1997, pelo documentário "4 Little Girls".

    Segundo ele, o Oscar é só a ponta do problema da falta de representatividade dos negros na indústria. "A questão está mais centrada nos executivos dos estúdios e canais de TV, que decidem o que devemos e o que não devemos produzir. Não há diversidade entre eles, e isso se reflete na Academia."

    Fabrizio Bensch/Reuters
    Director Spike Lee attends a news conference to promote the movie 'Chi-Raq' at the 66th Berlinale International Film Festival in Berlin, Germany February 16, 2016. REUTERS/Fabrizio Bensch ORG XMIT: AA43
    O diretor americano Spike Lee, que lança seu novo longa, "Chi-Raq", no Festival de Cinema de Berlim

    Fora da competição pelo Urso de Ouro, "Chi-Raq" é uma adaptação do texto "Lisístrata", do grego Aristófanes: mulheres fazem greve de sexo para conter a violência praticada por seus companheiros em Chicago. As falas são rimadas, como no hip-hop, e há números musicais.

    "Chicago é uma verdadeira zona de guerra: 19 pessoas morreram à bala só neste ano", disse o ator John Cusack, que no filme interpreta um padre branco engajado.

    Ator e diretor também comentaram suas preferências partidárias para as próximas eleições americanas: ambos apoiam Bernie Sanders, pré-candidado do Partido Democrata, o mais à esquerda do espectro político dos EUA.

    "Você pode imaginar Donald Trump [pré-candidato republicano] tendo esse poder de presidente dos EUA, de destruir o mundo?", disse Lee.

    'GÊNIO INVISÍVEL'

    Dentro da competição, o destaque da terça (16) foi "Genius", filme anglo-americano dirigido por Michael Grandage sobre Max Perkins, o editor responsável por lançar obras de Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald.
    No filme, Perkins (Colin Firth) tem a tarefa de publicar os rascunhos geniais do excêntrico Thomas Wolfe -vivido por Jude Law-, autor americano de livros como "Of Time and the River".

    A relação é tumultuada, mas de admiração mútua, com Perkins como um introspectivo, e Wolfe, excessivo.

    Divulgação
    Cena do filme Genius (2016), com Colin Firth, Jude Law
    Cena do filme 'Genius', dirigido por Michael Grandage sobre o editor literário Max Perkins

    "Ajustar essas energias tão diferentes entre eles foi desafiador", disse Firth. O instinto do caça-talentos literários era, justamente, o de "se manter invisível e não aceitar os créditos pelo sucesso dos escritores", afirmou o ator.

    "Isso é interessante de se pensar principalmente numa época em que há tanta sede por visibilidade, e nós, atores, estamos aqui ouvindo pedidos de selfie, autógrafos e tudo mais."

    O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Berlim

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