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    crítica

    Bruna Lombardi acerta o tom na ingenuidade em 'Amor em Sampa'

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    25/02/2016 02h26

    "Amor em Sampa" prega um susto na plateia quando Carlos Alberto Riccelli, que dirige o filme e também um táxi, no papel do motorista Cosmo, olha para a câmera e começa a cantar uma louvação a São Paulo, a primeira das muitas músicas do filme.

    Sim, trata-se de um musical. A proposta é um musical urbano, que entrelaça histórias de vários paulistanos, com algum romance e humor.

    Produção mais familiar impossível: Riccelli e a mulher, Bruna Lombardi, autora do roteiro, escreveram as canções. Kim Riccelli é assistente de direção do pai. E os três interpretam personagens importantes na trama.

    Talvez esse ambiente de família seja responsável pelo clima do filme, em que os atores parecem se divertir o tempo todo nas gravações.

    Ao colocar uma campanha publicitária para uma São Paulo melhor como fio condutor, Bruna aplica um tom ingênuo, brejeiro mesmo, que combina com sua versão glamorizada da cidade.

    São Paulo aparece em ângulos favoráveis o tempo todo, com uma luz maquiadora. Um pouco como a Roma do filme "A Grande Beleza".

    Divulgação
    Bruna Lombardi em cena de 'Amor em Sampa
    Bruna Lombardi em cena de 'Amor em Sampa'

    Os rostos são conhecidos. Rodrigo Lombardi é o publicitário idealista, envolvido com uma estilista (Mariana Lima). Bruna é uma milionária assediada por um executivo (Eduardo Moscovis).

    Kim Riccelli é um diretor de teatro que seduz duas jovens aspirantes a atriz (Bianca Müller e Letícia Colin).

    Cosmo, o taxista, tem uma relação tumultuada com uma garota maluquinha que sonha em se casar com um ricaço (a engraçada Miá Mello).

    Marcello Airoldi e Tiago Abravanel estão um pouco descontrolados como um casal gay, mas Abravanel faz o melhor número musical, já que tem tarimba na área.

    Falar do desempenho vocal do elenco é inevitável. Os melhores, depois de Abravanel, são Mariana Lima, de voz educada, e o trio formado por Kim Riccelli, Bianca e Letícia. Aproveitam a vantagem de fazerem seus números em um teatro e usam bem o palco para dançar e cantar.

    Bruna, Moscovis, Riccelli pai e Lombardi se esforçam, com resultados irregulares, e a estranheza bate forte. O gênero musical é pouco utilizado no cinema nacional.

    Mas é justamente a pegada ingênua do filme, em que personagens têm um quê de Poliana ao despejar tanta esperança numa cidade cheia de problemas, que dá à obra clima de "Sessão da Tarde", de musical dos anos 1930 e 1940.

    "Amor em Sampa" não vai agradar a todos, mas é um projeto corajoso. Resta encontrar público para um musical no cinema.

    AMOR EM SAMPA
    DIREÇÃO: Carlos Alberto Riccelli
    ELENCO: Bruna Lombardi, Eduardo Moscovis, Rodrigo Lombardi
    PRODUÇÃO: Brasil, 2016, 12 anos
    QUANDO: estreia nesta quinta (25)

    Edição impressa

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