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    Entidades artísticas dizem que vão dialogar com novo ministro da Cultura

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    23/05/2016 20h39 - Atualizado às 21h28

    Alan Marques/Folhapress
    O presidente interino Michel Temer (PMDB) e p secretário nacional de Cultura, Marcelo Calero
    O presidente interino Michel Temer (PMDB) e o Ministro da Cultura, Marcelo Calero

    Com a restituição do Ministério da Cultura, entidades que representam grupos da classe artística dizem que vão dialogar com o novo ministro, Marcelo Calero.

    Enquanto isso, prédios ligados ao MinC seguem ocupados em ao menos 18 capitais. O movimento Ocupa MinC repudia o governo interino como um todo e não aceita qualquer tipo de diálogo.

    Ele recebeu o apoio de artistas como Otto, Marieta Severo e Andréa Beltrão, que gravaram vídeo em visita à ocupação no Palácio Capanema na semana passada.

    A Folha ouviu a APTR (Associação de Produtores de Teatro), o Procure Saber e o GAP (Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música).

    Juntos, representam cerca de 200 produtores de teatro e artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Erasmo Carlos, Frejat, Leoni, Chico Buarque e Tim Rescala, entre outros.

    O Procure Saber e o GAP tiveram uma reunião com o novo ministro durante o fim de semana. Tim Rescala, membro do GAP, disse que o encontro foi "muito positivo".

    Segundo ele, a intenção dos grupos é apoiar o novo ministro "neste momento difícil da vida brasileira, em que até mesmo a cultura, elemento de identidade de uma nação, está sendo atacada por desinformados e intolerantes".

    "O momento agora é de valorizar o papel da cultura na sociedade e não de enfraquecê-lo", disse Rescala, por e-mail.

    Paula Lavigne, administradora do Procure Saber, foi menos enfática no apoio, mas deixou claro que o grupo está aberto a conversar com o novo ministro.

    "Marcelo é ministro de um governo interino. Ele me pareceu bem legal, mas ainda é cedo para dizer se vamos apoiá-lo. Mas com certeza temos interesse em dialogar", disse Lavigne. "Não apoiamos o governo Temer, mas não somos radicais", disse.

    A principal reivindicação dos dois grupos é o fortalecimento da DDI (Diretoria de Direitos Intelectuais), cujo trabalho a classe aprova e quer manter.

    "O processo iniciado pelo ex-ministro Gilberto Gil [2003-2008], reavaliando as leis e procedimentos do setor, culminou com a lei 12.853, que teve nosso apoio integral. A lei, já em vigor, trouxe enormes benefícios e precisa estar amparada e salvaguardada pelo trabalho do MinC através da DDI", disse Rescala.

    Segundo ele, a resposta de Calero foi "muito positiva, mesmo porque ele já estava inteirado sobre o assunto".

    O presidente da APTR, Eduardo Barata, disse que a associação está "atenta, mas colaborativa".

    "A gente entende que o diálogo com o Estado tem que acontecer. A gente se negava a conversar com uma secretaria. Em relação a um ministério é outra história. Conhecemos e gostamos do trabalho do Calero."

    Ele diferencia a posição pessoal da entidade.

    "Não há identificação minha nenhuma com esse governo, mas são legítimos constitucionalmente, pelo menos por enquanto. A entidade não pode ter um posicionamento político ou fazer uma análise da conjuntura politica do país. A gente lida especificamente com a questão da cultura", diz Barata.

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