A maior graça da série "Stranger Things" é se dar conta da precisão alcançada pelo algoritmo da Netflix.
Essa ferramenta é mais conhecida no Facebook, ao destrinchar o comportamento dos usuários com fotos, notícias, amigos para oferecer conteúdo e publicidade sob medida.
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Winona Ryder em cena da série sobrenatural "Stranger Things" |
Na Netflix, a estratégia inicial era melhorar indicações de filmes e programas de TV.
Mas o que 83 milhões de assinantes em 190 países viram, deixaram de ver, pausaram, criticaram, elogiaram ou demoraram para assistir têm mais potencial que só abastecer a versão moderna de um balconista de videolocadora.
Em 2012, o serviço on-line de filmes e programas de TV lançou sua primeira série, "Lilyhammer". Desde então, aprimorou suas produções, a partir das informações colhidas, e agora está em seu maior patamar de manipulação.
A tecnologia supera com facilidade as pesquisas de opinião e os birôs de tendência.
Se a experiência estética pressupõe certa surpresa, o resultado não será nada além de frustrante. Público e crítica, porém, não demonstram estar preocupados, por ora.
"Stranger Things" parece ser o exemplo mais simbólico disso. A história em torno do sumiço de um garoto se resume a copiar com habilidade elementos carismáticos de filmes clássicos dos anos 1980.
Clichê eficiente, tornou-se uma das séries mais populares e elogiadas da atualidade.
A estratégia da Netflix vem ganhando terreno. Em um ano, o número de indicações de suas produções ao principal prêmio da TV americana (Emmy) passou de 34 para 54.
A nota média do público para 74 obras da empresa no IMDB, maior site de audiovisual do mundo, é 7,5. Curiosamente, parece ainda não funcionar ainda para filmes –a avaliação média cai para 6,1.