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    Ator e diretor Nelson Xavier morre aos 75 anos em Minas Gerais

    DE SÃO PAULO

    10/05/2017 08h19

    O ator Nelson Xavier morreu aos 75 na madrugada de quarta (10), em Uberlândia (MG), de complicações de um câncer que já durava 14 anos.

    Segundo disse à Folha a médica Clarissa Aires de Oliveira, ele planejava se mudar para a cidade, onde fazia um tratamento de medicina integrativa -abordagem que procura melhorar, com técnicas variadas, a saúde geral, em lugar de combater a doença.

    Ainda segundo ela, nos últimos dois meses ele melhorou, deixando a cadeira de rodas. "Ele morreu bem, sem dor, sem usar morfina."

    Nascido em São Paulo em 1941, Nelson Agostini Xavier atuou por quase 60 anos no teatro, na TV e no cinema.

    Formado na Escola de Arte Dramática da USP em 1957, ele iniciou a carreira excursionando com o Teatro de Arena em uma remontagem de "Eles Não Usam Black-Tie".

    A peça de Gianfrancesco Guarnieri fora tema, em 1958, de uma de suas críticas para a revista "Visão", onde começara como revisor, emprego conseguido por meio do futuro cineasta Eduardo Coutinho -com quem viria a trabalhar em "O ABC do Amor" (1967).

    No final da década de 1960, destacou-se como ator em "Dois Perdidos Numa Noite Suja"e "Navalha na Carne"-ambos textos de Plínio Marcos, sob direção de Fauzi Arap.

    Sua primeira peça como diretor foi "Julgamento em Novo Sol" (ou "Mutirão em Novo Sol", que fazia parte das atividades do Movimento de Cultura Popular, no Recife, ao qual se incorporou em 1962.

    Ainda no Recife, criou um seminário de dramaturgia, inserindo o teatro em cursos de alfabetização, debates comunitários e comícios políticos.

    O cinema entrou na vida de Xavier após o golpe militar de 1964 e a consequente censura ao teatro político.

    Trabalhou com diretores como Domingos de Oliveira, Bruno Barreto e Ruy Guerra, que o dirigiu como o Mário, de "A Queda", papel que lhe rendeu o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1978.

    Foi também ator de TV, em papéis marcantes, como o de Lampião em "Lampião e Maria Bonita" (1982), na Globo.

    Em 2010 foi Chico Xavier na cinebiografia homônima do médium, de Daniel Filho, adaptada depois como minissérie, também na Globo. Repetiria o papel em "As Mães de Chico Xavier" (2011), de Glauber Filho e Halder Gomes.

    Melhor ator no Festival do Rio em 2016, teve um último papel nas telas como um pistoleiro que planeja voltar ao crime em "Comeback", de Erico Rassi, que estreia no dia 25.

    Nelson Xavier deixa a mulher, a atriz Via Negromonte, e quatro filhos. Seu corpo será levado ao Rio, onde deve ser cremado nesta quinta (11).

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