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Pascoal da Conceição e, ao fundo, reflexo dos atores Celso Frateschi e Naruna Costa em "Antígona" |
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Ilustrada
Friday, 29-Nov-2024 16:51:57 -03Montagem de 'Antígona' reforça o discurso ético da tragédia de Sófocles
MARIA LUÍSA BARSANELLI
DE SÃO PAULO18/08/2017 02h10
Em sua montagem da "Antígona", que estreia nesta sexta-feira (18), o diretor Moacir Chaves e o ator Celso Frateschi buscaram reforçar os ecos da tragédia de Sófocles em discursos contemporâneos.
"[A peça] levanta muitas questões do mundo hoje", diz Frateschi. "Questões éticas, da sobreposição do poder do Estado sobre o indivíduo."
Na tragédia, Antigona é irmã de Polinices, que disputou com Etéocles o trono de Tebas e morreu na batalha, assim como seu adversário.
Após o assassínio mútuo, Creonte, irmão de Jocasta e cunhado de Édipo, assume o poder. O novo governante decide que o Etéocles receberia o devido cerimonial, mas o corpo de Polinices seria deixado aos cães e aves de rapina, uma forma de intimidar quem tentasse tomar o trono.
Antígona descumpre a ordem e é condenada à morte.
"Creonte não permite que se enterre um morto, mas acaba enterrando [Antígona] viva. Isso é extremamente revelador do momento polarizado que a gente vive hoje", afirma o ator, que está em cena ao lado de Pascoal da Conceição e Naruna Costa.
O espetáculo também reforça a função do coro, estrutura comum às tragédias gregas, geralmente com o papel de comentar os acontecimentos.
"Na nossa montagem, ele [o coro] não é simplesmente uma ilustração, mas fala das coisas piores da sociedade, do moralismo. E a gente tenta deixar isso bastante claro", comenta Frateschi, a quem cabe o papel de Creonte.
Lenise Pinheiro/Folhapress Atores Naruna Costa e Celso Frateschi em ensaio de "Antígona" no Ágora Teatro REFORMA
"Antígona" irá reabrir a sala Gianni Ratto, do Ágora Teatro (nos arredores do Bexiga), que passou por reforma. Os pouco mais de 80 lugares foram reduzidos pela metade.
Agora há apenas uma fileira de espectadores, cujo olhar fica na mesma direção da visão dos atores. Uma forma de aproximar o público da cena, explica Frateschi, que fundou o teatro em 1999 ao lado de Roberto Lage e Sylvia Moreira (arquiteta responsável pela reforma e por cenário e figurinos de "Antígona").
Durante a temporada, o espaço irá abrigar todas as sextas-feiras, após as sessões, debates coordenados pelo crítico Welington Andrade e com participação do elenco.
A ideia é reunir semanalmente um convidado para discutir questões éticas, políticas e filosóficas da obra de Sófocles.
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ANTÍGONA
QUANDO qui. a sáb., às 21h, dom., às 19h; até 1º/10
ONDE Ágora Teatro - sala Gianni Ratto, r. Rui Barbosa, 672, tel. (11) 3284-0290
QUANTO R$ 20
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