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    Na política, Ruth Escobar lutou pelas mulheres e irritou militares

    DE SÃO PAULO

    05/10/2017 22h07

    Além de sua atuação no campo da produção teatral, Ruth Escobar é lembrada por sua participação política e pelo ativismo nos direitos sociais e da mulheres.

    Participou do movimento de resistência à ditadura e foi presa logo após a decretação do AI-5, em 1968.

    Por intervenção da atriz Cacilda Becker e de Faria Lima, então prefeito de São Paulo, foi solta, mas seria levada à prisão outras duas duas vezes pelo regime militar.

    Engrossou o coro contra o governo nos anos de chumbo, em especial entre 1974 e 1976, quando iniciou seus festivais internacionais de teatro.

    Em 1977, ano em que produziu "Torre de Babel", de Fernando Arrabal, foi novamente presa. Não se sabe ao certo o porquê, mas cogita-se que o motivo tenha sido a presença de um burro na peça chamado Ernesto, mesmo prenome do general Geisel, então presidente da República.

    MULHERES

    Em 1978, foi uma das fundadoras da Frente de Mulheres Feministas do Estado de São Paulo.

    À época, Escobar havia entrado para o MDB (atual PMDB). No partido, foi uma das organizadoras do PMDB Mulher, grupo que, ao lado de outros movimentos, foi responsável pela criação dos primeiros conselhos pelo direito das mulheres no Estado de São Paulo.

    Foi eleita duas vezes deputada estadual, cumprindo mandatos entre 1983 e 1987 e de 1987 a 1991, pelo PMDB e depois pelo PDT.

    Irritava os militares com seu jeito irreverente e, em 1982, durante sua campanha à Câmara dos Deputados, chegou a ser enquadrada na Lei de de Segurança Nacional por ofender o presidente João Batista Figueiredo.

    Só foi julgada quatro anos mais tarde, e condenada a um ano de reclusão. Mas, como foi eleita, não chegou a cumprir pena por possuir, então, imunidade parlamentar.

    Coordenou o primeiro Festival Nacional de Mulheres nas Artes, em 1982, evento que reuniu cerca de 10 mil participantes e que contou com mais de 600 espetáculos, além de palestras.

    Em 1985, durante o governo Sarney, foi uma das idealizadoras e a primeira presidente do CNDM (Conselho Nacional dos Direitos da Mulher), que buscava igualdade de gêneros na Nova República.

    Foi eleita, por indicação do Ministério das Relações Exteriores, para um mandato de quatro anos (1986-1990) no Comitê pela Emancipação e pela Eliminação da Discriminação Contra a Mulher (Cedaw, acrônimo da instiuiçãoem inglês) da ONU.

    Em 1998, doou um terreno para a criação de A Criança e o Mar, instituição que abriga menores carentes, em Ubatumirim (SP).

    Por sua contribuição à política e às artes cênicas, recebeu no Brasil a comenda da Ordem do Rio Branco e, em Portugal, o grau de Oficial da Ordem e do Mérito da Ordem do Dom Infante Henrique. Na França, recebeu a Ordem das Artes e das Letras e a Ordem Nacional da Legião da Honra.

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