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    Feministas pedem cancelamento de ciclo Polanski na Cinemateca Francesa

    POR RFI

    30/10/2017 19h53

    Francois Mori/Associated Press
    O cineasta francês Roman Polanski é acusado de ter estuprado cinco menores
    O cineasta francês Roman Polanski é acusado de ter estuprado cinco menores

    O coletivo francês "Ousem o Feminismo" realiza um protesto diante da Cinemateca Francesa, que inaugura nesta segunda-feira (30) em Paris um ciclo sobre o diretor franco-polonês Roman Polanski. Acusado de agressões sexuais e estupros de menores nos Estados Unidos e na França, o cineasta viu a lista de denúncias aumentarem na semana passada.

    A ONG feminista e associações de vítimas de abuso sexual veem a realização do evento como uma provocação. Desde o início da polêmica em torno do produtor americano Harvey Weinstein, multiplicam-se denúncias de mulheres agredidas sexualmente no mundo inteiro. Com Polanski não foi diferente.

    A carreira do cineasta de 84 anos ficou manchada pelo estupro de Samantha Geimer em 1977, na época com 13 anos. Mas outras acusações contra o franco-polonês fizeram eco ao polêmico caso, como o da atriz Charlotte Lewis, que afirma ter sido abusada aos 16 anos pelo cineasta; "Robin", também aos 16 anos; Renate Langer, aos 15 anos; e uma quinta denúncia que veio à tona na semana passada, por parte da artista californiana Marianne Barnard, quando tinha 10 anos.

    CONTRIBUIÇÃO À IMPUNIDADE DOS AGRESSORES

    Em entrevista à rádio Europe 1 nesta manhã, Raphaëlle Rémy-Leleu, uma das porta-vozes do coletivo "Ousem o Feminismo", declarou que o evento promovido pela Cinemateca Francesa é uma contribuição à "impunidade dos agressores".

    "Roman Polanski é acusado de ter estuprado cinco menores. Ele não é julgado e continua em fuga desde 1978. E, ainda assim, continua sendo aclamado, tendo uma posição social e cultural importante. (...) Quando nos perguntam por que as mulheres não falam sobre o que viveram, é simplesmente porque os agressores continuam sendo louvados", afirma.

    Em junho deste ano, Samantha Geimer pediu o encerramento do julgamento de Polanski nos Estados Unidos, alegando estar cansada dos fatos que a perseguiram durante 40 anos. Na época da agressão, ele chegou admitir o crime e a passar 42 dias preso em 1977. Foi libertado sob fiança, mas fugiu dos Estados Unidos para a Europa antes do anúncio do veredito final.

    Em agosto deste ano, um juiz americano rejeitou a petição do cineasta de voltar ao país sem correr o risco de ser preso. Polanski vive na França há vários anos e é casado com a atriz francesa Emmanuelle Seigner.

    REAÇÕES NA FRANÇA

    A retrospectiva dedicada a Polanski acontece em um contexto de explosão das denúncias de violência sexual por parte de personalidades que incendiou as redes sociais com o movimentos #metoo (#eutambém, no Brasil). No fim de semana, milhares de mulheres saíram às ruas das principais cidades francesas para protestar contra as agressões e assédio sexual.

    A ministra francesa da Cultura, Françoise Nyssen, deu seu aval à abertura do ciclo em homenagem ao cinesta em Paris, dizendo que "é possível separar o homem da obra". Já a Cinemateca Francesa, presidida pelo diretor Costa-Gavras, descartou cancelar a retrospectiva e disse que a instituição não pretende "tomar o lugar do sistema de justiça".

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