Na Argentina, há o tango; nos EUA, o blues. Em Portugal, o gênero oficial para sanar as feridas da alma é o fado. Eis que nos tempos atuais existe um fadista de mão-cheia que resgata a tradição melancólica e sofrida encravada no estilo desde o início do século 19.
Primeiro lançamento de Camané no Brasil, o DVD (encartado junto ao CD) "Camané ao Vivo no Coliseu - Sempre de Mim" (CD/DVD EMI Music, R$ 40) traz o registro de uma apresentação realizada no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. À meia-luz e acompanhado por viola, contrabaixo e guitarra portuguesa (instrumento acústico de origem renascentista), o intérprete de 42 anos reproduz fados populares, cantigas obscuras e poemas musicados como "Quadras" e "Ser Aquele", ambos de Fernando Pessoa.
Com seu vozeirão de largo alcance e sotaque carregado, Camané se debulha em canções que despudoradamente tratam de amor, saudade e solidão. Um raro exemplar de romantismo com profundidade.
Ouça, a seguir, trechos de canções do fadista português:
"Mais um fado no fado"
"Quadras"
"Ser aquele"