Eu colhia entrevistas para meu livro "Vozes e Visões" (Iluminuras, 1996). Estava morando no Arizona, fazendo mestrado sobre William Burroughs (1914-97). Cheguei a Lawrence, Estado do Kansas, no Meio-Oeste americano, onde o legendário escritor morava desde 1981. James Grauerholz, seu amigo e agente literário, foi me pegar na estação de trem. Senti um frio na barriga. Afinal, iria entrevistar o profeta da contracultura, o genial fora da lei da literatura, que fez a cabeça de Jack Kerouac e Allen Ginsberg e detonou uma revolução nas letras americanas.
James percebeu minha ansiedade e disse que tudo daria certo. Quando chegamos, Burroughs já nos esperava na varanda de sua casa. Magérrimo, usando um elegante chapéu Fedora, nos acenou com sua bengala e sorriu.
James Grauerholz/Arquivo Pessoal | ||
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O escritor e compositor brasileiro Rodrigo Garcia Lopes com William Burroughs, em 1991, no Arizona |
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