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    A história de chinesas convertidas em escravas sexuais na Segunda Guerra

    LUCY HORNBY
    DO "FINANCIAL TIMES"

    30/03/2015 14h59

    O som de potes de cerâmica se espatifando no piso de pedra explodiu a manhã fria de primavera. Zhang Xiantu acordou. Soldados japoneses estavam em sua casa, quebrando potes enquanto procuravam comida. Zhang, que tinha 16 anos e era recém-casada, tentou fugir. Mas não conseguiu correr rápido. Como filha de latifundiário, tinha tido seus pés amarrados e quebrados quando menina.

    Sentada no vilarejo onde vive hoje, no condado de Yi, província de Shanxi, aquela recém-casada despertada de modo tão brutal em 1942 hoje é uma viúva frágil, com cabelos grisalhos, rosto enrugado e a respiração ofegante devido a uma doença pulmonar. "Quando sonho com aquela época, sempre me vejo sendo capturada", ela comenta. "Fiquei tão apavorada."

    Não havia como fugir. "Os soldados chegaram e nos encontraram. As ruas estavam cheias de gente correndo em todas as direções." A respiração dela vem mais devagar e mais ofegante. "Aiyya... Me esqueci do resto." Zhang passou os 20 dias seguintes como prisioneira. Trancada dentro da casa de um vizinho, foi prostituída, feita de "comfort woman" (mulher que leva conforto –ou seja, escrava sexual) para servir aos soldados japoneses que lutavam pelo controle do norte da China. "Quase morri de medo", ela conta.

    A maioria das mulheres como ela morreu por doenças, maus-tratos ou as duas coisas. Estima-se que 200 mil mulheres asiáticas foram sequestradas ou coagidas a prestar serviços sexuais a soldados japoneses em "estações de conforto" durante a Segunda Guerra Mundial, parte de uma política que visava dissuadir os exércitos invasores de cometer estupros e saques em grande escala. Quando o 70º aniversário do fim da guerra for comemorado na Ásia, este ano, as "comfort women" serão contabilizadas entre os fantasmas ainda soltos.

    Cerca de 25 delas ainda estão vivas na China. O movimento para garantir que não sejam esquecidas opera em um ambiente de descaso oficial. Na disputa entre China e Japão por um papel de liderança na Ásia, diplomatas chineses regularmente emitem avisos graves, dizendo que o Japão "não deve esquecer as lições da história". Mas em lugares silenciosos, como o quarto de Zhang Xiantu, a história já está se apagando. Será que é tarde demais para uma história antiga assumir um significado novo?

    Quando comecei a fazer as pesquisas para este artigo, fiquei na dúvida se uma "comfort woman" se disporia a falar com uma jornalista estrangeira. Será que eu poderia ser acusada de tomar partido? Poderia me tornar uma "ferramenta" dos nacionalistas na China (um repórter chinês me avisou dessa possibilidade) ou um alvo dos nacionalistas no Japão?

    A maioria dessas mulheres vive na zona rural pobre. Seus dialetos são incompreensíveis. Sua saúde está debilitada. A imprensa chinesa as retrata como vítimas frágeis; sua violação durante a guerra não é citada diretamente, sendo disfarçada por delicadeza confuciana. Mas fiquei intrigada pelos ativistas que defenderam sua causa por mais de duas décadas, enquanto as relações entre China e Japão passaram por altos e baixos. A janela para qualquer dessas mulheres contar sua história estava se fechando rapidamente.

    Conheci Zhang Xiantu numa manhã de outono do ano passado, graças a Zhang Shuangbing, ex-professor primário na província de Shanxi que fez da defesa das "comfort women" idosas sua causa (Zhang é um sobrenome comum, e não há parentesco entre Zhang Xiantu e Zhang Shuangbing).

    Diante da porta da casa dela, ele gritou uma saudação, e ela apertou a mão dele calorosamente. Ela lhe mostrou a pilha de remédios no peitoril de sua janela. Estava preocupada com a morte recente de seu filho mais velho e não estava se entendendo com a mulher de seu segundo filho. "Que espécie de vida é esta?", ela perguntou, voltando-se para mim. "Não quero viver."

    No quintal de sua casa se espalhava a confusão usual da zona rural chinesa: pilhas de carvão e de milho, equipamentos agrícolas enferrujados e um varal comprido. Dentro da casa, uma lâmpada fluorescente iluminava um pôster na parede mostrando crianças felizes cavalgando uma carpa vermelha da sorte. Na parede um retrato em aquarela de Mao Tse-tung e fotos de família. Zhang Xiantu tem 88 anos e passa seus dias sentada de pernas cruzadas sobre um "kang" –uma cama sobre tijolos aquecidos. Veste blusão de algodão escuro e calças de algodão, e seus pés estão dobrados sob seus joelhos magros.

    Embora seus pés deformados, em seus sapatos de pano, mal consigam levá-la para longe da cama, certa vez a levaram até um tribunal de Tóquio. No final dos anos 1990, acompanhadas e assessoradas por Zhang Shuangbing e uma equipe de advogados japoneses e chineses, 16 mulheres do condado de Yu (Zhang Xiantu é a única ainda viva) processaram o Estado japonês, pedindo indenização e um pedido de desculpas. A ação foi desqualificada, porque os crimes já tinham prescrito e porque se considerou que as mulheres não ocupavam uma posição necessária para processar o Estado.

    Ex-"comfort women" na democrática Coreia do Sul já tinham formado no início dos anos 1990 um movimento político para buscar reconhecimento e compensação do Japão. O secretário do gabinete japonês fez um pedido de desculpas, e ativistas japoneses aderiram à causa, recrutando advogados chineses para ajudá-los a localizar as vítimas idosas na China continental. Argumentaram que a discussão das queixas das "comfort women" ajudaria a sociedade japonesa a encarar a guerra de frente. Nenhuma das ações judiciais teve êxito.

    Cho Yong-soo - 27.jun.2001/Reuters
    Ex "comfort woman" sul-coreana Kang Il-chul, 73, durante protesto em Seul em 2011
    Ex "comfort woman" sul-coreana Kang Il-chul, 73, durante protesto em Seul em 2011

    "Eu não fazia ideia que seria tão complicado", comentou a advogada Kang Jian, de Pequim, que reuniu depoimentos de "comfort women" na ilha de Hainan. Ali, assim como no condado de Yu, historiadores locais tinham localizado um grupo de sobreviventes. "Foi um processo às vezes doloroso, mas não fazer nada seria mais doloroso ainda."

    Em 2011 um tribunal japonês rejeitou a última de várias ações judiciais movidas por ex-"comfort women" e trabalhadores forçados asiáticos. Desde então, o clima de tensão crescente entre os dois países dificultou a colaboração entre ativistas chineses e japoneses. Nacionalistas vêm ganhando terreno nos dois países. O discurso estridente da China e Coreia, aliado a violentos protestos antijaponeses, provocaram o antagonismo de japoneses nascidos muito tempo após o término da guerra. No final do ano passado, o jornal japonês "Asahi Shimbun", de viés esquerdista, se retratou sobre artigos que publicou a partir de 1982 sobre "comfort women" e que eram baseados em um relato posteriormente desmentido.

    Enquanto isso, a velhice está fazendo as fileiras das "comfort women" encolherem. Em Seul, uma estátua em bronze de uma menina ocupa o lugar onde antes "comfort women" coreanas promoviam uma manifestação semanal. A figura da menina olha com expressão acusadora para a entrada da embaixada japonesa, do outro lado da rua. A sombra de uma idosa corcunda está gravada na calçada.

    "Pensando nestes 30 anos de militância, não direi que foram em vão, mas tampouco foram um grande sucesso", reflete Zhang Shuangbing. "Estou decepcionado. Não obtive resultados. Não consegui dar a essas senhoras o que elas desejavam."

    MISSÃO

    Zhang Shuangbing encontrou a missão de sua vida um dia em 1982, a caminho da escola primária de seu povoado. O caminho passava ao lado de sítios de camponeses, como o seu, onde as famílias mal conseguiam colher o suficiente para sobreviver de seus campos inclinados entre penhascos verticais de calcário. Ele observou uma idosa se esforçando para colher grãos sozinha, muito depois de o trabalho já ter sido concluído nos outros campos.

    O jovem professor sentiu pena da idosa e perguntou se poderia ajudar. Descobriu que ela era discriminada e ignorada porque tinha sido "comfort woman", tão desonrada que homem algum quis se casar com ela.

    Em pouco tempo Zhang Shuangbing já tinha gasto três bicicletas pretas nas estradas rochosas do condado de Yu conversando com camponeses para tentar rastrear mulheres que tinham sido "comfort women".

    O exército imperial do Japão tradicionalmente recrutava prostitutas de famílias japonesas pobres. Após uma orgia de matança e estupros durante a conquista da capital chinesa Nanquim, em 1937, as autoridades decidiram que a criação de bordéis para militares manteria as tropas sob controle.

    Com o envio maciço de tropas japonesas a outros países da Ásia, as prostitutas disponíveis rapidamente se tornaram insuficientes.

    Mulheres coreanas, chinesas, do sudeste asiático e europeias foram recrutadas, enganadas ou forçadas a trabalhar em bordéis mantidos pelas autoridades militares japonesas ou para suas tropas. A maioria das mulheres morreu. Estudiosos coreanos avaliaram em 200 mil as "comfort women" asiáticas; estudiosos chineses estimam que outras 200 mil chinesas foram sequestradas em cidades ocupadas ou ao longo do extenso front.

    O condado de Yu trocou de mãos várias vezes, sendo dominado sucessivamente pelo exército japonês, o Kuomintang, apoiado pelos EUA, e guerrilheiros comunistas. As "estações de conforto" eram instalações improvisadas em casas de vilarejos ou acampamentos do exército, diferentes dos bordéis militares mais formais de Xangai.

    Depois da rendição do Japão houve a guerra civil chinesa, seguida pela redistribuição fundiária e os expurgos políticos da era comunista. Documentos de guerra foram destruídos. As "comfort women" tentaram esconder seu passado para conseguir encontrar um marido e proteger o nome de suas famílias.

    "Quando essas mulheres revelam suas cicatrizes, elas carregam o peso de 5.000 anos de história chinesa, dos tempos feudais", diz Zhang Shuangbing. "Elas contaram sua história, falaram de sua dor, porque acreditaram em mim. Por isso, é muito triste não ter podido fazer nada por elas. É uma responsabilidade histórica. Ninguém prestou contas do que foi feito a essas mulheres, às suas famílias."

    O fato de Zhang Shuangbing ter formação secundária o destacava na zona rural do condado de Yu. Homem paciente e gentil, ele conquistou a confiança de cerca de 126 idosas nas províncias de Shanxi e Hebei. E as viu sucumbir à velhice, uma a uma. Ele gastou suas economias ajudando mulheres doentes, pobres ou solitárias.

    Sua mulher e seus filhos desaprovavam, assim como sua mãe. Frágil e ainda bela, com a cabeça coberta pelo lenço branco usado pelas camponesas de Shanxi, sua mãe vive com a família de Zhang em cavernas caiadas abertas num penhasco de terra, à sombra de pessegueiros. Ela tem a mesma idade que as mulheres arruinadas de quem seu filho ficou amigo –mas, longe de compartilhar o destino delas, passou sua adolescência como guerrilheira comunista. "Ela combateu os japoneses na guerra, então pensou: 'De que adianta?' Mas acabou se convencendo quando viu quantos japoneses me apoiaram", diz Zhang.

    Seu armário está cheio de envelopes de fotos de "suas senhoras". Os instantâneos esmaecidos incluem um retrato formal em preto e branco de uma mulher que cometeu suicídio durante a Revolução Cultural, depois de ser perseguida durante anos, acusada de "colaboração" com os japoneses.

    Outras mulheres foram repudiadas em seus povoados de origem ou exiladas para campos de trabalhos forçados depois que os comunistas chegaram ao poder. Tudo isso ajuda a explicar a relutância das sobreviventes em contar sua história.

    Outra foto vem à tona: uma mulher rechonchuda, de cabelos brancos. Zhang Shuangbing recorda que ela encontrou paz ao confiar sua história a ele. Mas, quando ele começou a escrever um livro sobre as "comfort women" do condado de Yu, seu filho, envergonhado, a proibiu de participar.

    O caso de Zhang Xiantu foi diferente. Quando Zhang Shuangbing a chamou para participar da ação coletiva no Japão, seu marido e filhos a apoiaram. Quando lhe perguntei por que ela levou sua história a público, ela desfiou uma litania de queixas: sobra as mulheres do povoado, que não falavam com ela, sobre décadas de privações e fome, sobre sua solidão atual.

    Zhang Xiantu foi libertada porque seu pai pagou um resgate por ela. Ele vendeu todas suas ovelhas e foi à falência. "Senti tanta raiva, eu não aguentava", ela conta. Sua madrasta passou dois anos cuidando de Zhang Xiantu até ela recobrar sua saúde. A comida era escassa. Depois da vitória dos comunistas, as terras da família foram confiscadas. "Eu não tinha o que comer, o que vestir. Meus pais também estavam morrendo de fome. Não tínhamos nada. Que espécie de vida era essa? Eu estava cheia de remorso. Não sabia o que fazer. Quando eu era jovem, sentia meu pecado crescer a cada dia que vivia." Ela diz que o preço de sua liberdade levou sua família à ruína. "Quero que o Japão pague esse dinheiro."

    TERCEIRO ESTÁGIO

    Ativistas chineses que lutam pelo pagamento de reparações dizem que seu movimento ingressou num "terceiro estágio" incerto. Primeiro foi o esforço para localizar as vítimas idosas, depois os longos anos movendo ações judiciais no Japão. Agora eles estão buscando reparações por trabalho forçado por meio dos tribunais chineses, apostando que as tensões recentes farão o Estado chinês se dispor a apresentar queixas contra o Japão. Mas os tribunais chineses não aceitam processos envolvendo "comfort women", porque o réu é o Estado japonês.

    "A questão histórica sempre esteve atreladas às relações bilaterais mais amplas com o Japão", diz James Reilly, da Universidade de Sydney, estudioso das relações sino-japonesas.

    Alguns ativistas veteranos acham que a China nunca deixará os processos correr nos tribunais. O sistema tem razões demais para tratar com cautela as tentativas individuais de obter reparações por prejuízos históricos. Dezenas de milhões de chineses morreram de fome ou foram assassinados durante campanhas políticas comunistas ou passaram anos em campos de trabalhos forçados. Milhões de outros perderam terras e bens.

    A atitude de Pequim em relação às campanhas contra o Japão é "não apoie nem desencoraje", diz Tong Zeng, a voz do ativismo militante antijaponês. Diretor de um pequeno fundo de investimentos, Tong, 58 anos, é uma raridade na China: um ativista que conseguiu evitar problemas sérios, apesar de ter passado a vida fazendo agitação política, incluindo façanhas como desembarcar em ilhas disputadas. Essa tolerância destoa das longas sentenças de prisão dadas a intelectuais que defendem os direitos constitucionais de cidadãos chineses. O ativismo antijaponês é uma questão delicada na China, com subcorrentes faccionais complicadas. Esse fato gera aberturas para agitadores como Tong: "Se nos combaterem demais, virarão traidores de nossa raça."

    Pequim toma o cuidado de tampouco endossar nacionalistas chineses. Manifestações contra o Japão promovidas por jovens chineses irados podem rapidamente se converter em protestos contra o próprio governo chinês. O uso de linguagem estridente na mídia controlada pelo Estado é pesado com cuidado. "Existe o receio de que a geração mais velha de ativistas se una à geração nova de jovens revoltados",, diz Jessica Chen Weiss, cientista política da Universidade Yale e autora de "Powerful Patriots: Nationalist Protest in China's Foreign Relations". Também há considerações diplomáticas a levar em conta. Quando Mao Tsetung promoveu a conciliação com o Japão, em 1972, a República Popular da China abriu mão de reivindicações de reparações, em troca de assistência e investimentos japoneses.

    Tong diz que Mao nunca abriu mão dos direitos de chineses individuais. Mas acrescenta, rindo: "Possivelmente porque eles não tinham esse conceito durante a Grande Revolução Cultural!"

    MUSEU

    "Não apoie, não desencoraje" ganha destaque no endereço No 1 Lane 125, na East Baoxing Road, em Xangai. Setenta famílias se comprimem num edifício dilapidado de três andares "enfeitado" por varais de roupa. A entrada estreita do prédio dá para um corredor completamente escuro. O local recebe visitas ocasionais de grupos de turistas japoneses.

    Oitenta anos atrás, o prédio abrigou o primeiro bordel militar da Ásia ocupada, segundo o historiador Su Zhiliang, de Xangai. Ele quer converter o local em museu. O governo de Xangai protege o prédio, não permitindo que seja demolido, mas se nega a pagar para as famílias serem alojadas em outro lugar.

    Vinte anos atrás Su retornou de seus estudos no Japão e, como Zhang Shuangbing em Shanxi, saiu com sua bicicleta. Ele pedalou por Xangai em busca de residentes idosas que pudessem se recordar da vida nas "comfort stations". Recrutou sua mulher, Chen Lifei, para fazer as entrevistas longas e dolorosas com antigas escravas sexuais.

    "A maioria das pessoas desconhece sua própria história", diz Su. "É uma pena. A história chinesa da Segunda Guerra Mundial é tão obscura quanto uma tigela de molho de soja."

    Ele e sua mulher fundaram o Centro de Pesquisas para Comfort Women Chinesas, na Universidade Normal de Xangai. O centro recolhe depoimentos e canaliza donativos para comfort women idosas. Hoje em dia, também paga por seus funerais.

    A morte das comfort women assinala o fim do movimento? Alguns ativistas argumentam que os descendentes das escravas sexuais também deveriam ter direito a compensação. Mas, como observadora externa, posso imaginar um "terceiro estágio" alternativo que possa, algum dia, transcender a fixação atual com honra nacional e pedidos de desculpas.

    Na China, é o Estado quem decide quem deve ser lembrado ou homenageado. Nas escolas, os alunos estudam vitórias revolucionárias estereotipadas; não há ninguém para conferir rosto humano ao passado. A exceção está nas comfort women. Os depoimentos colhidos dentro da busca por justiça preservaram as narrativas de vida de pessoas comuns em uma época de brutalidade. Os ativistas criaram um registro para gerações futuras de chineses, algo que transcende de longe as narrativas editadas dos heróis revolucionários.

    Algum dia, isso pode significar que a compaixão de Zhang Shuangbing e a raiva de Zhang Xiantu terão tido resultado: que as lições da história acabem por não ser esquecidas.

    Tradução de CLARA ALLAIN

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