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    Lula diz que pré-sal vai reduzir pobreza; modelo de exploração está indefinido

    LÍSIA GUSMÃO
    EDUARDO CUCOLO
    GABRIELA GUERREIRO
    da Folha Online, em Brasília

    28/08/2008 17h32

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta quinta-feira que pretende usar os recursos oriundos da exploração de petróleo e gás da camada pré-sal para reduzir a pobreza e afirmou que não há um modelo de exploração definido.

    "Esse modelo está sendo construído por um grupo interministerial. Depois disso, eu pretendo abrir um debate com a sociedade, porque o petróleo não é meu. Eu tenho mais dois anos e quatro meses de mandato e o petróleo, eu espero que dure muito tempo e que seja do Brasil", afirmou o presidente em entrevista aos jornalistas após a cerimônia de posse do novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, no Palácio do Planalto.

    Para ele, "é importante envolver a sociedade no debate do que ela quer que seja feito com esse petróleo."

    Lula reafirmou a intenção de que as riquezas naturais "favoreçam" as camadas mais pobres da população.

    "Eu acho que o pré-sal é uma propriedade de 190 milhões de brasileiros. Portanto, nós vamos fazer com que essa riqueza oriunda da natureza possa favorecer, não apenas o conjunto da sociedade brasileira, mas, entre elas, as pessoas mais pobres", disse Lula, acrescentando que estará no Espírito Santo no dia 2 de setembro quando são retirados os barris de petróleo.

    "Eu acho que temos que trabalhar com muito carinho o que vamos fazer com o resultado deste petróleo para que o Brasil saia ganhando como um todo."

    Bilhete premiado

    Mais cedo, durante reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente afirmou que o governo não pode dar início aos gastos dos recursos de petróleo e gás da camada pré-sal sem definir como será sua exploração.

    "Se os recursos do pré-sal forem aquilo que imaginamos, o Brasil dentro de alguns anos se transformará em um grande produtor de petróleo. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar essa imensa riqueza. Não é porque tiramos bilhete premiado que vamos sair por aí gastando dinheiro que ainda não temos. O pré-sal é o passaporte para o futuro", afirmou.

    Lula disse que vai receber, em setembro, sugestões elaboradas pela comissão do governo que analisa o pré-sal com diferentes modelos para sua exploração. "O Brasil não quer ser um mero exportador de óleo cru. Ao contrário, queremos construir no país uma indústria produtiva que agregue valor aqui dentro e exporte os derivados", disse.

    Na mesma reunião, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, informou que a estatal vai investir US$ 112,4 bilhões entre 2008 e 2012 dentro e fora do país. Tal montante não considera, no entanto, o dinheiro que será necessário para explorar a camada pré-sal, que vai exigir "muito mais investimentos".

    Modelo híbrido

    Segundo reportagem publicada hoje pela Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL), a tendência é adotar um "modelo híbrido" entre o norueguês e o brasileiro, segundo um ministro que participa das discussões sobre o tema.

    As áreas do pré-sal já leiloadas, localizadas na bacia de Santos, ficariam sob as regras atuais, mas os poços vizinhos seguiriam o novo modelo --com maior participação do Estado-- e sua exploração efetiva ficaria para segunda etapa.

    De acordo com o apurado pela Folha, a idéia é manter, na distribuição das áreas ainda nas mãos do Estado, o sistema de leilão existente atualmente para escolha das empresas. A diferença é que o governo definiria a parcela desses campos que ficaria com a União.

    Arte Folha

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