O Tesouro dos EUA anunciou neste domingo uma intervenção federal nas empresas Freddie Mac e a Fannie Mae, duas das maiores empresas de financiamento imobiliário desse país, e que foram profundamente afetadas pela recente crise dos créditos "subprime". Segundo a agência France Presse, o governo dos EUA se declarou disposto a injetar US$ 100 bilhões em cada uma para salvar da falência as duas gigantes americanas do segmento de hipotecas.
O setor imobiliário americano enfrenta uma severa crise provocada por uma inadimplência elevada em operações de hipoteca de alto risco, que se espalhou pelo restante do setor financeiro e está na origem da recessão que ameaça a maior economia do planeta.
Entenda a crise hipotecária que atinge a economia dos EUA
Manuel Balce Ceneta/AP |
O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, anunciou a intervenção federal |
O secretário do Tesouro do EUA, Henry Paulson, informou que estas duas companhias passam a ser dirigidas em caráter temporário pela FHFA (sigla em inglês para Agência Financeira Federal de Casas), que vai gerir as dívidas financeiras.
"Fannie Mae e Freddie Mac são tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de nosso país e no restante do globo", justificou Paulson.
Os principais executivos de ambas as companhias --Daniel Mudd, da Fannie Mae, e Richard Syron, da Freddie Mac-- serão substituídos. Herb Allison, o ex-presidente do banco de investimentos Merryll Lynch, deve ficar a frente da Fannie Mae. David Moffett, um ex-vice presidente do US Bancorp, foi escolhido para gerir a Freddie Mac.
"Uma falência afetaria a capacidade dos americanos em abrir hipotecas, no financiamento de veículos, no crédito para o consumo e em outras áreas do setor financeiro", acrescentou Paulson.
O Federal Reserve (o banco central americano) comunicou que "um número restrito de instituições de menor porte" detém participações significativas na Fannie Mac e Freddie Mac e que as autoridades federais estavam "preparadas para trabalhar com essas instituições para desenvolver planos de recuperação do capital".
"Com base no que aprendemos sobre as instituições nas quatro últimas semanas, inclusive o que aprendemos sobre suas necessidades de capital e vistas as condições atuais do mercado, concluí que seria do melhor interesse do contribuinte fazer um simples investimento em capital nestas empresas sob suas formas atuais", disse o secretário do Tesouro americano.
US$ 5 trilhões
A Fannie Mae e a Freddie Mac --duas empresas criadas pelo governo para solucionar os problemas de habitação nos anos 30 e nos anos 70, respectivamente-- operam como entidades autônomas do governo, mas com seu apoio em garantias.
Atualmente as duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA.
Segundo o Tesouro americano, Fannie Mae e a Freddie Mac emitiram US$ 5 trilhões em títulos apoiados por dívida e hipoteca, e mais de US$ 3 trilhões destes fundos estão nas mãos de instituições financeiras dos EUA, enquanto o restante é de instituições estrangeiras.
Paulson já admitiu em várias ocasiões que considera fundamental resgatar as operações das duas companhias. "A estabilidade da Fannie [Mae] e da Freddie [Mac] é crítica para a estabilidade do mercado financeiro. A atividade contínua é central para a velocidade com a qual vamos emergir dessa correção no mercado imobiliário e remover a incerteza subjacente nos mercados financeiros e nas instituições financeiras", havia declarado o secretário do Tesouro, no final de julho.
"Agora, mais do que nunca, precisamos da Fannie e da Freddie financiando hipotecas", disse ele, à época.
Com France Presse, Efe e Associated Press