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    Crise é inédita porque nasceu no coração do sistema financeiro, diz FMI

    da France Presse, no Cairo

    16/09/2008 11h44

    O diretor geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, afirmou nesta terça-feira que a crise econômica e financeira atual "não tem precedentes".

    'Estamos diante de uma crise financeira inédita, porque ela nasceu no coração do sistema, os Estados Unidos, e não de sua periferia, e afetou simultaneamente o mundo inteiro", disse Strauss-Kahn à AFP no Cairo.

    "Algumas partes do mundo estão mais ou menos afetadas, mas a desaceleração é geral", disse, acrescentando que "toda a economia mundial vai desacelerar entre meio ponto e dois pontos percentuais, inclusive na China e na Europa".

    "O que é novo representa mais perigo do que aquilo que se repete, mas uma das diferenças desta crise com relação à crise de 1929 é que agora dispomos de instrumentos que não nos permitem evitar a crise, mas atenuar as conseqüências e corrigir os efeitos dela, em particular o FMI", afirmou Strauss-Kahn.

    O chefe do Fundo se mostrou convencido de que "os atores do mercado desaparecerão, em particular nos Estados Unidos, com a possível extinção progressiva" de bancos de investimentos independentes, como Lehman Brothers ou Merrill Lynch.

    "Isto se soma às incertezas e não podemos excluir as tensões financeiras a curto prazo", acrescentou.

    Para Strauss-Kahn, ao final da crise, o setor financeiro mundial será muito mais reduzido que o atual.

    Concordata

    Nesta segunda-feira (15), o banco de investimentos americano Lehman Brothers recorreu ao 'Capítulo 11' da lei de falências dos EUA e pediu concordata, o que lhe permite tentar uma reorganização interna, mas intensifica a crise sofrida pela economia dos Estados Unidos.

    O sistema financeiro mundial foi abalado com a quebra do banco, o quarto maior do setor nos EUA. O governo americano não repetiu a ação de ajudar as empresas financeiras a evitar a quebra, como fez com as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que devem receber uma injeção de até US$ 200 bilhões. Sem ajuda do governo, compradores em potencial do Lehman, como o Barclays e o Bank of America, se afastaram do negócio.

    Além dos problemas do Lehman Brothers, o mercado digere as dificuldades da seguradora AIG (American International Group) e a venda do Merrill Lynch ao Bank of America.

    O governador do Estado de Nova York, David Paterson, anunciou ontem que deu uma autorização especial à seguradora AIG para que possa ter acesso a US$ 20 bilhões de capital nas mãos de suas filiais e, desse modo, aumentar sua liquidez.

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