A Aracruz comunicou ontem que não chegou a um acordo com os bancos credores, aos quais deve US$ 2,13 bilhões. A empresa, que esperava concluir as negociações no fim de novembro, postergou a data para dia 11 e, agora, não deu nenhuma previsão para sua conclusão.
A dívida da Aracruz é proveniente de operações financeiras atreladas ao dólar, os derivativos cambiais, contratados pela fabricante de celulose para se proteger da alta do real. Com o aumento súbito do dólar desde setembro, a Aracruz registrou as perdas que quase resultaram na quebra da empresa. Segundo o jornal "Valor Econômico", a oferta dos 11 bancos credores à companhia foi do pagamento da dívida em sete anos, corrigida pelos juros Libor (taxa interbancária de Londres), mais 7% ao ano. A Libor para operações em dólares está cotada a 2,53%.
Os credores também teriam sugerido que a Aracruz reduzisse seu endividamento com a venda de ativos ou aportes dos controladores.
Em outubro, a Aracruz propôs aos credores prazo de pagamento de 15 anos, sendo que a dívida seria corrigida apenas pela Libor. Com a restrição nas condições de crédito e o encarecimento do custo do dinheiro, os bancos recusaram a proposta.
"A situação é preocupante", afirma Peter Ping Ho, analista da Planner Corretora. "A cada adiamento nas conclusões da negociação, aumentam os riscos de a empresa reduzir sua capacidade de geração de caixa." A Aracruz e a consultoria Alvarez & Marsal, que representa os 11 bancos credores, não concederam entrevista.