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    Segmento de motos revive crise de 2008 e fecha lojas em 2012

    GABRIEL BALDOCCHI
    DE SÃO PAULO

    04/01/2013 08h35

    Nem mesmo o esforço do governo por meio dos bancos públicos evitou o fraco desempenho no segmento de motos no ano passado.

    Crédito próprio é trunfo de concessionária de motos
    Produção de motos cai 17,7% no ano

    A restrição do crédito levou a categoria a reviver em 2012 os baixos níveis registrados em sequência à crise mundial de 2008 e provocou o fechamento de lojas por todo o Brasil.

    Projeções para este ano não devem alimentar otimismo entre os empresários do setor. O cenário é de um ambiente ainda adverso em meio às expectativas de persistentes níveis de inadimplência e a consequente postura mais conservadora dos bancos nos empréstimos às motocicletas.

    O volume de vendas em 2012 caiu 15,62%, para 1,637 milhão de unidades. Trata-se do menor nível desde 2009 (1,609 milhão), quando o segmento foi duramente atingido pela crise financeira mundial estourada no ano anterior.

    Não fosse a exceção de 2009, este seria o pior resultado da categoria em seis anos.

    O problema de crédito começou a ser registrado no final de 2011 e se acentuou no primeiro semestre do ano passado como reflexo do nível recorde de inadimplência no país. Com maior rigor dos bancos, a aprovação dos pedidos de créditos para a compra de motos caiu para menos de 20%.

    Alberto César Araújo - 10.mar.09/Folhapress
    Linha de montagem da fábrica de motos da Honda em Manaus
    Linha de montagem da fábrica de motos da Honda em Manaus

    Os prazos diminuíram e a exigência de pagamento de um valor mínimo no ato da compra colocou fim aos parcelamentos sem entrada, que acentuaram os volumes de vendas e de devedores em 2011.

    "A exigência de 30% de entrada e o prazo menor colocou muita gente fora do mercado", afirma o presidente da Fenabrave (associação das concessionárias), Flavio Meneghetti.

    Enquanto o segmento de carros, que sofria com os mesmos problemas, reverteu a tendência de queda do início do ano graças aos benefícios da redução de IPI, da liberação de compulsório (percentual que os bancos são obrigados a deixar depositado no BC) e da maior atuação dos bancos públicos, as motos continuaram em baixa.

    O socorro só veio no meio do segundo semestre. Depois de meses de negociação com o governo, o segmento conseguiu uma liberação de compulsórios de cerca de R$ 2 bilhões para as operações com motos.

    Caixa e Banco do Brasil ampliaram a presença no segmento a partir de novembro para tentar cobrir a lacuna deixada pela redução nas concessões de crédito nos bancos privados.

    As iniciativas tiveram leve impacto nas medidas nos últimos meses, mas não foram suficientes para salvar o ano. Diante das dificuldades, mais de 100 concessionárias fecharam as portas, segundo estimativa da Fenabrave.

    A entidade prevê um ano difícil também em 2013, quando o segmento deve crescer apenas 1,3%, repetindo um nível próximo ao de 2009, com 1,658 milhão de unidades.

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