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    Após boom, preços de imóveis ainda sobem nos principais mercados do país

    DANIEL VASQUES
    CLARA ROMAN
    DE SÃO PAULO

    31/12/2013 03h00

    Logo depois do boom de lançamentos do mercado imobiliário –que teve o pico em 2010 e 2011- e a disparada dos preços, começaram os questionamentos sobre até onde iria essa subida.

    Mesmo com uma revisão de estratégias por construtoras e incorporadoras que começou em 2012 e prosseguiu em 2013, os preços continuam a subir acima da inflação.

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    Na capital paulista, houve até aceleração na alta, com o crescimento de 21,6% no acumulado até novembro sobre um acréscimo de 10,8% em 2012, segundo pesquisa da empresa de informações imobiliárias Geoimovel.

    No entanto, o novo Plano Diretor, que deverá entrar em vigor em 2014, gera incertezas. O projeto prevê estímulos à construção de empreendimentos em eixos bem servidos por transporte público, o que, em tese, tornará essas áreas mais baratas, e as distantes, mais caras.

    "Prever ainda é sinônimo de adivinhar, e o Plano Diretor a gente já viu e discutiu, mas só vai saber lá na frente [depois de aprovado] seu efeito nos preços", diz Eduardo Zaidan, vice-presidente do SindusCon-SP (sindicato das construtoras).

    Para Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicado do mercado imobiliário), só há queda em casos pontuais. "Ninguém produz para vender com prejuízo."

    Assim como em São Paulo, os preços subiram mais em 2013 do que em 2012 em Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. No Rio e no Recife, os imóveis também ficaram mais caros, mas com alta inferior à do ano anterior.

    TERRENOS

    Na avaliação de Sérgio Freire, presidente da imobiliária Brasil Brokers, a dificuldade de achar terrenos é um dos fatores que podem manter esse ritmo acima da inflação no próximo ano.

    Já em Brasília, houve uma forte queda de 35,5% (veja texto nesta página) e, em Salvador, os preços tiveram uma leve redução, de 2,9%.

    Segundo Murilo da Rocha Correia, diretor da Lopes Bahia, existe um número alto de empreendimentos em fase de entrega gerando estoque acima da demanda em alguns bairros. Isso aconteceu porque grandes empresas de capital aberto tinham metas de lançamento que tentaram atingir "de qualquer modo", segundo Celso Amaral, diretor da Geoimovel.

    Como consequência da oferta maior que a procura, há incorporadoras anunciando promoções agressivas.

    DESEQUILÍBRIOS

    Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de estudos de construção civil da FGV (Fundação Getulio Vargas), não há risco de bolha de uma forma sistêmica, mas há alguns mercados com desequilíbrios de oferta e procura.

    A visão é compartilhada por João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de mercado imobiliário da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

    "Houve em alguns locais um exagero por parte das empresas, que foram construindo sem enxergar a demanda que viria adiante", diz. Um estudo feito pelo seu núcleo indica que Salvador tem estoque de unidades que representa 2,7 vezes a demanda.

    No segmento de imóveis comerciais, ressalta, a perspectiva é de queda. Na capital paulista, o aluguel de escritórios corporativos recuou 10% no terceiro trimestre ante igual período do ano passado, segundo pesquisa da consultoria Colliers International com espaços de mais de 100 m² e alugados, em geral, por grandes empresas.

    Nesse intervalo, a área total disponível para locação quase quadruplicou.

    A partir de 2012, aponta a consultoria, o mercado saiu de um período de expansão para superoferta, o que levou à redução de preços.

    Editoria de Arte/Folhapress
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