A Justiça determinou que o governo federal não pode tabelar os preços cobrados pelos serviços de praticagem nos portos brasileiros.
Práticos são aqueles que auxiliam na manobragem dos navios nos portos, evitando acidentes ou atrasos.
O assunto opõe entidades como o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítimas (Syndarma) e a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), de um lado, que pedem redução dos custos com praticagem, e o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), de outro.
Foi o Conapra que entrou com o mandado de segurança pedindo a suspensão dos trabalhos da Comissão Nacional para Assuntos de Praticagem (CNAP), criada em dezembro de 2012 pelo governo federal para criar preços máximos para o setor.
O argumento aceito pela Justiça Federal do Rio de Janeiro é que o tabelamento não é possível porque a praticagem é uma atividade privada.
"Não é uma concessão. É um serviço privado que exige investimentos altíssimos, em lanchas, no equivalente à torre de controle, em equipamentos", diz Jaime Machado, advogado do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo, Gasparian, que representa o Conapra.
Há divergência até sobre o quanto ganha hoje um prático. Enquanto seus clientes citam até R$ 200 mil mensais, os representantes dos práticos dizem que a remuneração real média é de R$ 30 mil por mês.
Há ainda divergência sobre o impacto dos preços no custo de produzir no país.
As empresas de navegação afirmam que o custo da praticagem, que estaria entre os mais altos do mundo, reduz a competitividade do país. O Conapra diz que isso não é verdade -a praticagem representaria uma fração pequena do frete, este, sim, elevado.
Pela legislação, grandes embarcações não podem se mover num porto sem esses profissionais. Para trabalhar na função, é necessário ser aprovado em concurso organizado pela Marinha.