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    Clima melhorou, mas há pessimismo, diz presidente do BR Partners

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    14/06/2014 02h00

    Ricardo Lacerda, o fundador e presidente do banco BR Partners, que assessorou 90 transações avaliadas em mais de US$ 35 bilhões nos últimos cinco anos, diz que atual momento é de "pessimismo no ar" entre os empresários brasileiros, mas que o mercado de fusões e aquisições vão bem e os IPOs devem voltar a se aquecer em breve.

    O BR Partners, que nos últimos anos comprou o banco Porto Seguro, a maior franqueada do Burger King no Brasil e assessorou o Casino na negociação para troca de ações com Abilio Diniz, enfrenta agora a chegada de novas butiques globais de investimento no Brasil.

    Mas, segundo ele, a concorrência maior vem dos competidores locais. "Os internacionais entram e saem conforme a conveniência do momento", afirma.

    Lacerda, que foi presidente do Goldman Sachs no Brasil, afirma esperar que o governo em breve mudará o papel do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua equipe econômica, "assim como se muda um técnico quando o time perde".

    Raquel Cunha/Folhapress
    Ricardo Lacerda, presidente do BR Partners; para executivo, clima melhorou entre empresários, mas há pessimismo
    Ricardo Lacerda, do BR Partners; para ele, clima melhorou entre o empresariado, mas há pessimismo

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    Folha - Qual é o seu termômetro do humor do empresariado hoje?
    Ricardo Lacerda - Ainda há muito pessimismo no ar, principalmente do empresariado local. Um movimento de alta nos juros na extensão do que vimos nos últimos meses sempre tem um efeito negativo. Mas hoje vemos as coisas bem melhores do que na virada do ano. O câmbio se estabilizou, os juros voltaram a cair e a Bolsa está novamente no azul. Os investidores estrangeiros, que sempre antecipam tendências, voltaram a buscar ativamente oportunidades no Brasil.

    Como vão os IPOs [abertura de capital na Bolsa] e as fusões e aquisições?
    As fusões e aquisições vão muito bem. O Brasil é um país muito grande, com um ambiente empreendedor riquíssimo e inúmeras oportunidades de crescimento e consolidação, condições muito favoráveis aos negócios. Os IPOs foram suspensos em razão da deterioração do cenário econômico e queda do mercado de ações, mas devem voltar em breve.

    Estão chegando novos competidores ao seu mercado. Como fica a concorrência?
    A concorrência para nós sempre foi acirrada, infelizmente. Todos os bancos de investimento do mundo estão no Brasil, dos principais aos menos relevantes. Mas a concorrência maior vem dos "players" locais, que têm consistência e comprometimento de longo prazo. Os internacionais, na sua maioria, entram e saem conforme a conveniência do momento. Não vemos nenhum novo entrante em condições de atingir uma posição de destaque no nosso mercado.

    Qual o impacto das eleições sobre os negócios?
    O Brasil tem ambiente de negócios estável e consolidado. Eleição pode até criar algum clima de incerteza e inibir operações de cunho mais estratégico, mas vejo esse impacto como algo marginal. Para a maioria das empresas, os negócios continuam fluindo com naturalidade.

    Como a imagem de Aécio e Campos tem sido recebida entre os banqueiros?
    O mercado apanhou muito nos últimos anos e tem identificado na oposição uma perspectiva de melhora. Mas basta uma mudança de atitude e equipe no atual governo para as coisas voltarem aos eixos.

    Estamos apostando nesse cenário, o da reeleição com mudança de equipe e melhora do quadro.

    O mercado esperava que Mantega fosse mantido até hoje? Espera que seja trocado em breve? O nome de Armínio Fraga, coordenador econômico da campanha de Aécio Neves (PSDB), agrada?
    O ministro Mantega cometeu muitos erros, tanto de forma quanto de conteúdo. Assim como se muda um técnico quando o time perde, creio que o governo deva promover mudanças na equipe econômica. Armínio Fraga é um nome idolatrado pelo mercado, mas há outros do mesmo calibre entre simpatizantes do governo.

    O doutor Henrique Meirelles, por exemplo, seria uma excelente escolha.

    O que deve ser feito para o país voltar aos trilhos e não perder o grau de investimento?
    O país deve buscar um superavit mais robusto. Com política fiscal séria, todo o resto se ajusta. Perder o grau de investimento seria o maior retrocesso da economia brasileira nos últimos vinte anos. Nenhum governo de credibilidade permitirá um desastre dessa magnitude.

    BR PARTNERS/1º TRI.2014
    CAPITAL R$ 221 milhões
    ATIVOS ADMINISTRADOS R$ 1,9 bi
    TRANSAÇÕES EXECUTADAS 90
    VALOR DAS TRANSAÇÕES US$ 40 bi
    NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS 110
    PRINCIPAIS CONCORRENTES BTG, Itaú BBA e Credit Suisse

    *Referentes aos valores de ativos e capital

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