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    Norte e Centro-Oeste viram maior celeiro de milionários do país

    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    18/01/2015 02h00

    Um brasileiro com espírito empreendedor tem mais chance de fazer fortuna no Norte e no Nordeste do que no eixo Sul-Sudeste, que sempre concentrou a maior parte da riqueza nacional. É o que mostra um levantamento da Receita Federal com base nas declarações de renda entregues no ano passado.

    De 2003 a 2013, o total de milionários mais que dobrou em 13 Estados brasileiros –entre eles estão 8 dos 10 Estados das regiões Norte e Centro-Oeste, excluído DF.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os outro cinco são do Nordeste. No Sul-Sudeste, o ritmo de crescimento dos contribuintes com renda anual de US$ 1 milhão foi menor.

    Em uma década, o total do seleto grupo de contribuintes milionários brasileiros saltou de 18,5 mil para 29,8 mil, um crescimento nacional de 61%.

    Em São Paulo, Rio, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que concentraram 82% dos milionários em 2013, o ritmo de adesões ao clube dos milionários foi inferior à média nacional.

    No atual mapa das fortunas, Tocantins é o novo Eldorado. O Estado, criado em 1988, tem 61 habitantes com renda acima de US$ 1 milhão –eram 10 em 2003.

    Gustavo Rizatti é um desses empreendedores. Em 2004, ele era o gerente de um programa para estimular a criação de empresas do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com o Centro Universitário Luterano de Palmas, a capital do Estado.

    A cidade estava crescendo e Rizatti teve então a ideia de fazer uma parceria com o proprietário de um terreno bem localizado para construírem um edifício de pequeno porte. Com a venda dos imóveis, ele deu o pontapé inicial para o surgimento de sua construtora, a Inovatec, criada dois anos depois.

    Histórias como essa se repetem em Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Balsas e Imperatriz (MA), Porto Velho (RO), Macapá (AP), Boa Vista (RR) e Manaus (AM), entre outros locais que oferecem oportunidades no país.

    DINHEIRO RÁPIDO

    Essas novas fortunas surgiram graças à expansão da fronteira agrícola no país. Em 2003, o governo federal turbinou os incentivos para os produtores rurais, mirando os elevados preços das commodities agrícolas no exterior. O agronegócio, que já era forte na exportação, virou motor da economia. Os produtores de minérios também surfaram nessa onda.

    Rapidamente, o Brasil entrou para a lista dos países que mais fizeram milionários. Desde então, a produção agrícola vem aumentando e, para isso, foi preciso buscar terras em novas áreas. Uma delas foi a do "Mapitoba", junção das iniciais de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.

    "No Tocantins, muitos adquiriram terra por nada na criação do Estado e se tornaram milionários do dia para a noite quando arrendaram suas áreas para grupos maiores", diz o economista Tadeu Zerbini. "O dinheiro começou a circular em outros locais."

    Consultorias estrangeiras especializadas no estudo das fortunas sob gestão de instituições financeiras estimam que, em 2007, já após o "efeito commodity", o Brasil contava com 130 mil afortunados (com mais de US$ 1 milhão em aplicações financeiras). Hoje, seriam 230 mil.

    A Receita Federal tem números menores porque trabalha com dados da renda tributável declarada pelo contribuinte. Muitos omitem dados ou fazem investimentos por meio de empresas para reduzir o imposto devido.

    Até 2008, o The Boston Consulting calculava que esse time de milionários brasileiros concentrava meio PIB em aplicações. Mas os cálculos não foram atualizados. Segundo a Anbima, a associação dos bancos de investimento, a alta renda (private) possui R$ 700 bilhões sob gestão no Brasil.

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