Um dos exemplos recentes do empreendedorismo libanês, o aplicativo Anghami é também hoje uma mostra de como empresários driblam, no país, empecilhos técnicos.
Baseado no download e na reprodução em tempo real de músicas, o produto teve que se adaptar à realidade da internet libanesa.
A conexão de internet móvel ainda não é rápida no país, avaliado na 77ª posição entre 113 países no ranking da Ookla, especializada na análise da velocidade da internet. O Brasil está em 71º.
Divulgação | ||
Escritório do aplicativo Anghami em Jounieh, no Líbano |
Para que a proposta de ouvir música no celular pela internet funcionasse no Líbano, o aplicativo fundado pelos empresários Eddy Maroun e Elie Habib adotou uma solução tecnológica que reduz o peso das canções.
"Queríamos que fosse possível ouvir música em qualquer lugar", diz Maroun.
Lançado no início de 2013, Anghami é uma das start-ups de maior sucesso no Líbano. Há 12 milhões de usuários.
Na ausência no país do Spotify –aplicativo sueco com funções semelhantes e 60 milhões de usuários–, Maroun e Habib atuam em um mercado quase sem competição. A ameaça, diz Maroun, vem da pirataria.
Anghami mede o sucesso também pelo tamanho de seu catálogo de músicas, especializado em canções em língua árabe, mas também com repertório internacional.
À Folha Maroun explica a ascensão da empreitada por uma série de contratos estratégicos. Em primeiro lugar, o investimento de US$ 1 milhão feito pelo Middle East Venture Partners. Em seguida, com a entrada de outros dois investidores, a TV MBC e a empresa de telecomunicação Mobily. Os três têm participação nas ações.
Também foi fundamental, afirma, garantir a exclusividade para reproduzir as músicas de grandes gravadoras da região. A gigante Rotana, por exemplo, divulga ali seus lançamentos. Além disso, há parcerias com redes de televisão e programas musicais de peso, como o "Arab Idol".
O capital atual é confidencial, assim como o lucro, mas o empresário diz que triplica a receita anualmente. São 32 funcionários e um escritório com três pessoas em Dubai.
Segundo Maroun, a receita da empresa vem da assinatura do aplicativo por R$ 15 mensais –a versão gratuita tem anúncios– e também da propaganda. O Anghami, que pode ser baixado no Brasil no iPhone, não divulga o número de assinantes.