O viés otimista entre os empreendedores é mais alto do que entre o resto da população, já que eles tendem a superestimar a probabilidade das coisas darem certo, afirma a neurocientista Tali Sharot.
Autora do livro "The Optimism Bias" (o viés otimista), ela é uma especialista no assunto. Seu trabalho já foi capa da revista norte-americana "Time". Neste ano, publicou um estudo sobre o otimismo no empreendedorismo.
Leia abaixo a entrevista que a neurocientista concedeu à Folha:
*
Folha - A pesquisa sobre humor entre pequenos empresários no Brasil mostra que eles pensam que a economia irá mal, mas que eles irão bem. Isso é um viés otimista?
Tali Sharot - Isso é um resultado clássico do que eu chamo de otimismo privado durante desespero público. É comum. As pessoas não veem o mundo ou o mercado financeiro com bons olhos, mas continuam otimistas em relação ao sucesso próprio.
E há alguma maneira de se vacinar contra isso?
Não tenho certeza de que se vacinar seja algo desejável. A grande maioria das pessoas têm um viés moderadamente otimista. Os mais otimistas têm uma tendência maior a virarem empreendedores. E, uma vez que abrem seus negócios, essa característica se acentua. E é importante, porque eles precisam aceitar riscos muito altos e pensar que irão bem. E é preciso superar os fracassos que costumam acontecer no caminho e prosseguir
Mas ser otimista é algo inerentemente bom?
Acho que é o combustível, sem ele as pessoas simplesmente não começam. Mas é importante saber que, em excesso, o otimismo pode prejudicar seu raciocínio. Você deve se precaver ao tomar decisões de negócios. O empresário deve ter em mãos as informações sobre o que está por vir, boas previsões que permitam a ele tomar as melhores decisões possíveis.
[an error occurred while processing this directive]