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    Novo presidente do Google não tinha TV na infância; conheça Sundar Pichai

    DO "NEW YORK TIMES", EM SÃO FRANCISCO

    11/08/2015 10h54

    Justin Sullivan/AFP
    Sundar Pichai em palestra em 2015 no Google

    O setor de tecnologia favorece executivos dramáticos, ocasionalmente propensos a se vangloriar, e muitas vezes conhecidos pela personalidade marcante.

    Sundar Pichai, 43, anunciadonesta segunda-feira (10) como novo presidente-executivo (CEO) do Google, terá de se esforçar muito para se enquadrar nessa colorida descrição.

    Ele usou o Twitter para divulgar de maneira muito oblíqua sua ascensão ao comando do gigante da Internet: "Obrigado", respondeu Pichai a duas pessoas que o parabenizaram. E foi só isso.

    Emmanuel Dunand/AFP
    Larry Page, um dos fundadores do Google

    Uma das mensagens no Twitter, de Bret Taylor, antigo executivo do Facebook, também era notável pela discrição: "Um dos líderes de tecnologia mais capacitados com quem já trabalhei", escreveu Taylor sobre Pichai.

    Isso serve como pista sobre mais do que a personalidade do novo líder do Google. Também define a maneira pela qual ele gostaria que a tecnologia funcionasse: como uma criada perfeitamente consciente das necessidades do usuário a cada momento.

    "Eu adoraria que o meu celular gritasse para avisar caso eu esteja a ponto de perder alguma coisa importante em minha vida, e que não me incomodasse se estou fazendo algo importante e a informação que está chegando é menos importante do que aquilo que estou fazendo", disse Pichai em entrevista recente. "É assim que penso. Para mim, importa atender os usuários da maneira certa e, como parte disso, às vezes você precisa desaparecer e sair do caminho".

    Pichai deve seu sucesso a ter tornado os produtos do Google mais fáceis de usar e, com isso, mais populares. Ele entrou para a empresa em 2004 e conquistou reputação no começo como gerente de produto, trabalhando em projetos importantes como o Chrome, o navegador da web da companhia.

    O Chrome cresceu como uma erva, explodindo de menos de 10% dos usuários para se tornar o navegador mais usado em computadores e aparelhos móveis do planeta, de acordo com a StatCounter.

    Dois anos atrás, Larry Page, o presidente-executivo do Google, promoveu Pichai para comandar também o Android, o sistema operacional móvel que aciona 78% dos smartphones vendidos no planeta, depois que Andy Rubin deixou o posto.

    "Sundar tem talento para criar produtos tecnicamente excelentes mas fáceis de usar —e adora grandes desafios", escreveu Page.

    "O Chrome serve como exemplo. Em 2008, as pessoas perguntavam se o mundo realmente precisava de mais um navegador de Internet. Hoje, o Chrome tem centenas de milhões de usuários satisfeitos".

    Origem

    Nascido em Tamil Nadu, Índia, Pichai passou a juventude na região de Chennai. No segundo grau, ele foi capitão do time de críquete da escola. Diplomou-se em engenharia pelo Instituto Indiano de Tecnologia de Kharagpur.

    De acordo com um longo perfil publicado pela revista "Bloomberg Businessweek" no ano passado, sua família só comprou o primeiro telefone quando Sundar já tinha 12 anos. Era um modelo com discagem rotativa.

    Por boa parte da infância do menino, a família não tinha televisor ou carro. Eles se deslocavam pela cidade em uma motoneta, pai, mãe e dois filhos empilhados juntos no selim.

    Pichai se mudou para os Estados Unidos, fez mestrado em ciências pela Universidade Stanford e obteve seu MBA na Wharton School, Universidade da Pensilvânia. Em seguida conseguiu emprego como engenheiro na Applied Materials, antes de se transferir como consultor para a McKinsey & Co.

    Ele começou a trabalhar para o Google depois de tentar convencer um de seus colegas na McKinsey a não aceitar uma proposta de emprego da companhia e constatar que os argumentos a favor de aceitar eram muito mais fortes.

    Durante sua ascensão no Google, surgiram outras companhias interessadas no talento de Pichai. Em 2011, o Twitter tentou contratá-lo para dirigir a divisão de produtos para o consumidor da empresa, de acordo com duas pessoas conhecedoras do caso, que pediram que seus nomes não fossem revelados, porque as negociações não se tornaram públicas.

    E no ano passado, houve boatos de que Pichai foi um dos considerados para substituir Steve Ballmer como presidente-executivo da Microsoft.

    Pichai é apreciado por muita gente no mundo do software por seus modos afáveis e abordagem amistosa com subordinados e colegas. "Sundar não tem dias ruins. Sua energia positiva é contagiante e seu otimismo atrai os melhores talentos", disse Chris Sacca, executivo de capital para empreendimentos e antigo colega de Pichai no Google.

    Wall Street também parece favorecê-lo. Nas operações posteriores ao fechamento do pregão, na noite de segunda-feira, o valor de mercado do Google subiu em mais de US$ 10 bilhões, em um endosso instantâneo à nova estrutura organizacional e ao papel de Pichai na direção da parte da nova empresa que dá dinheiro.

    Os cofundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, dirigirão a nova holding do grupo, chamada Alphabet.

    Jordan Rohan, fundador da Clearmeadows Partners, uma consultoria de Internet, e ex-analista que cobria o Google em Wall Street, disse que Pichai conta com a aprovação tanto do pessoal de negócios quanto dos engenheiros do Google.

    "Ele parece ser uma pessoa de pensamentos claros e visão forte e por isso será capaz de lidar com os aspectos cotidianos e também com os aspectos mais visionários do Google", disse Rohan.

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