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    Empresas apertam custos e elevam lucro em ano de crise

    TATIANA FREITAS
    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    14/08/2015 02h00

    Charles Guerra/Agência RBS/Folhapress
    VIDEIRA, SC, BRASIL, 30/10/2012: Investimentos no complexo industrial da BRF Brasil Foods em Videira, no Meio-Oeste catarinense, devem tornar a cidade a maior planta produtora de salsichas da Amrica Latina. A empresa tambm anunciou que vai dobrar a fabricao de linguias congeladas. A ampliao dos dois setores deve custar R$ 84 milhes. Os recursos j esto garantidos e as obras, que comeam nos prximos dias, devem estar completamente prontas em um ano. Parte do dinheiro, cerca de R$ 60 milhes, ser utilizada para aumentar em 50% a produo de salsichas, que passar de 240 para 360 toneladas por dia. (Foto: Charles Guerra/Agncia RBS) **RS e SC OUT** *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Produção de salsichas em fábrica da BRF em Videira, SC

    As grandes empresas brasileiras se prepararam para a crise econômica, ganharam eficiência e conseguiram elevar os ganhos nos seus negócios no primeiro semestre de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014.

    A melhora ocorreu mesmo com a queda nas receitas com as vendas. Isso mostra que as companhias conseguiram repassar aumentos nos preços, além de cortar custos e despesas administrativas.

    Levantamento do Insper, feito a pedido da Folha com base em dados da consultoria Economatica, mostra que as companhias que fazem parte do Ibovespa tiveram um crescimento de 9,3% no chamado lucro operacional (o Ebit, ou lucro antes de juros e impostos) nos primeiros seis meses deste ano na comparação com o primeiro semestre de 2014.

    A receita, no entanto, caiu 0,3% nessa comparação. O tombo é ainda maior se for considerada a inflação de 8,89% pelo IPCA acumulado nos 12 meses até junho.

    Já o lucro líquido, apurado após descontar impostos e o efeito de juros e câmbio, caiu 7,9%. A queda é explicada pelo impacto do câmbio na dívida das empresas.

    Por ora, o efeito é apenas contábil porque poderá ser mitigado até o vencimento da dívida, com proteção cambial e receita em dólar.

    Os dados consideram 40 empresas do Ibovespa que divulgaram seus resultados até quarta (12), com uma representação de 74% no índice.

    "O resultado mostra que as empresas melhoraram a sua parte operacional, antevendo uma piora no cenário econômico", diz Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

    "As empresas vão se adaptando aos cenários. Contiveram custos e racionalizaram os processos para atravessar esse período desafiador", disse Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec (associação dos analistas).

    Isso ocorreu, por exemplo, na fabricante de alimentos BRF e na petroquímica Braskem. A BRF cortou custos e despesas na produção, armazenagem e distribuição. Já a Braskem aumentou o uso da capacidade instalada e se beneficiou de preços mais favoráveis de insumos.

    INFLAÇÃO

    Excluindo do cálculo os bancos, que tiveram o lucro influenciado pela alta dos juros, e as gigantes Vale e Petrobras, prejudicadas pela queda nos preços das commodities, o levantamento mostra que as empresas conseguiram elevar as receitas acima da inflação. Em média, o crescimento foi de 12,63%.

    "Provavelmente elas não conseguiram repassar integralmente a alta dos preços, mas pelo menos aumentaram a receita no mesmo patamar da inflação", diz Viriato, lembrando que a receita não é formada só por preços, mas também por volume vendido.

    Com a ajuda do aumento das vendas, esse grupo de empresas aumentou o lucro operacional em 16,83%.

    O resultado final, que paga os acionistas e possibilita o reinvestimento no negócio, aumentou 4,08%.

    "A safra de balanços mostrou que as empresas estão privilegiando a eficiência e reduzindo a alavancagem para atravessar esse momento", afirma Roberto Indech, analista da corretora Rico.

    Em um semestre de queda na produção industrial, retração nas vendas no varejo e avanço tímido das exportações, os resultados das empresas até surpreenderam.

    "Não foram tão desastrosos como poderia se esperar. Mas a base de comparação não é a ideal", afirma Viriato, do Insper. Com Copa e manifestações, o segundo trimestre de 2014 foi fraco para as empresas.

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