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    Levy defende 'monstro' da CPMF para ajustar contas e sair da recessão

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    05/11/2015 17h10

    Carla Carniel - 29.set.2015/Frame/Folhapress
    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante evento em São Paulo
    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante evento em São Paulo

    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a defender nesta quinta-feira (5) a aprovação da CPMF para ajustar as contas do governo, permitir a retomada da confiança de empresários e consumidores, e fazer a economia voltar a crescer.

    Diante de uma plateia de empresários, que se manifestaram contrários a aumento de impostos, o ministro evitou falar diretamente sobre a CPMF, mas afirmou que o ajuste das contas do governo passa por "aumento de receita", além de corte nos gastos públicos.

    "Vamos ter que tomar as medidas necessárias tanto do lado do gasto –e o governo já tem feito economias significativas– quanto do lado das receitas. Não há fórmula mágica, fácil, dinheiro que vou encontrar no final do arco-íris. Não é assim que funciona", disse.

    "Sei que vocês aqui [empresários] não gostam desse 'monstro' [CPMF], mas depois que ele foi criado, as coisas se estabilizaram, a confiança foi retomada e o país voltou a crescer", argumentou.

    De acordo com Levy, sem a CPMF não haverá superavit orçamentário em 2016 e a sociedade terá de escolher quais gastos terá de cortar.

    "A CPMF é aquele imposto que todo mundo paga. É proporcional ao que se gasta; quem gasta mais, paga mais. É um imposto que não se discute: ninguém tem dúvida se é para pagar ou não. [O recolhimento] É automático, transparente", afirmou.

    "É tão transparente que se não tiver CPMF você sabe que terá R$ 32 bilhões de deficit. É o tamanho do Bolsa Família, quase o do Seguro Desemprego. Se não tiver esse recurso, você vai ter de descobrir o que vai ter de deixar de gastar", declarou.

    Para o ministro, após os ajustes nas contas do governo, a economia brasileira costuma reagir com rapidez. "Em dois trimestres já vemos resposta", disse, evitando estabelecer um prazo para a retomada do crescimento.

    BRADESCO

    Após o encontro com empresários, Levy se reuniu com o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, para discutir inadimplência e as perspectivas para o crédito nos bancos.

    Segundo o ministro, Trabuco relatou que a inadimplência está controlada, apesar da crise na economia. "Está bem comportada até por todo cuidado [dos bancos e dos tomadores] com a concessão de crédito. Se você faz arrumadinho, depois não tem surpresa ruim", avaliou.

    Levy afirmou que a intenção da conversa era saber saber "como a economia está resistindo nesse período de ambiguidade" antes de o país retomar o crescimento.

    O ministro se encontrou também com representantes da construção civil para ouvir demandas sobre como facilitar os investimentos em infraestrutura. Um dos aspectos abordados foi a regulação e a segurança jurídica para o setor.

    "Queremos trazer mais empresas para a construção de infraestrutura. Temos que ver como baixar o custo do setor e como agilizar o investimento privado. Esse é um setor que pode trazer muito crescimento no ano que vem", disse.

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