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    Nova York abandona antigos orelhões e passa a oferecer internet de graça

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    07/02/2016 02h00

    Divulgação
    Novo quiosque de internet wi-fi de alta velocidade em Nova York que substituirá antigos orelhões

    Nova York começou há algumas semanas a trocar seus antigos orelhões por quiosques de internet de alta velocidade, oferecida sem cobrança por um consórcio de empresas.

    O contrato com a prefeitura, com vigência de 12 anos, prevê arrecadação de US$ 500 milhões em receita para a cidade na instalação de ao menos 7.500 quiosques, batizados de LinkNYC.

    O consórcio, chamado CityBridge, não revela a própria remuneração, mas diz que investirá US$ 200 milhões em cabos de fibra ótica. A conta fecha com anúncios veiculados em telas de alta definição.

    Ainda que negue vender informações dos usuários, o consórcio (que inclui o Google) procura captar o anunciante certo para cada localização, tentando associar o conteúdo da propaganda ao perfil do público local.

    Para o pesquisador Benjamin Dean, da Universidade Columbia, especialista em segurança cibernética, o contrato é obscuro. "A política de privacidade coloca de forma vaga que 'pode usar sua informação, inclusive de identificação pessoal' para prover informação sobre bens e serviços de interesse", afirmou, em artigo no site "The Conversation".

    "Examinado de perto, torna-se evidente que, longe de ser de graça, o uso do LinkNYC vem com um preço da colheita compulsória de dados potencialmente sensíveis."

    Vencedor de licitação em 2014, o CityBridge é formado por três empresas: Qualcomm, CIVIQ Smarts e Intersection. Esta última é resultado da fusão entre os grupos Titan e Control, anunciada em junho passado, quando foram adquiridas pelo Sidewalk Labs, um braço do Google para projetos de inovação urbana.

    SERVIÇOS

    Os quiosques oferecem, sem cobrança direta, wi-fi, ligações nacionais (internacionais requerem cartão), entradas para carregar aparelhos de celular e dispositivo de bluetooth, entre outros serviços.

    O projeto é instalar Links nos cinco bairros da cidade, com internet de velocidade cem vezes maior que a média de serviços de wi-fi públicos disponíveis, segundo o consórcio, com alcance a até 120 metros de distância.

    Os provedores apostam no uso por pedestres e mesmo por moradores das proximidades do quiosque. Turistas que antes compravam chips de operadoras locais podem mudar de método para permanecerem conectados.

    METRÔ

    Como evidência do ritmo de mudança do mercado de telecomunicações americano, no mesmo mês, o governo de Nova York anunciou plano de expansão da rede de internet no metrô em todo o Estado até o final de 2016 —um ano antes do previsto inicialmente.

    "O LinkNYC tem potencial para se tornar fonte de conexão primária para nova-iorquinos de baixa renda", disse o analista e consultor Criag Moffett. "É pouco provável que tenha impacto sobre as operadoras, mas pode reduzir um pouco o crescimento na margem."

    A AT&T, gigante americana do setor, nega que as iniciativas sejam concorrência direta. "Provemos wi-fi extensiva na cidade toda e vemos isso como um serviço de cortesia", disse um dos porta-vozes, Fletcher Cook.

    As operadoras Verizon e T-Mobile não responderam aos pedidos de comentários da reportagem.

    O consórcio, em nota, afirma que "o LinkNYC foi projetado para uso ao ar livre e nós vemos isso como um serviço complementar ao dos fornecedores tradicionais". "Não sabemos como o mercado estará configurado em 12 anos, mas estamos empenhados em fornecer conectividade de primeira."

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