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    Governo deixa reforma trabalhista de lado para priorizar Previdência

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    14/02/2016 02h00

    Luciano Claudino - 3.fev.16/Codigo19/Folhapress
    INDAIATUBA, SP, 03.02.2016: HABITACAO-SP - Com a presenca de Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin, a presidente Dilma Housseff participa de Cerimonia de entrega de unidades habitacionais em Indaiatuba, interior de Sao Paulo, e entregas simultaneas em Camaçari-BA, em Timon-MA, em Campo Mourao-PR, em Salvador-BA, em Itu-SP, em Luis Eduardo Magalhaes-BA, em Caucaia-CE e em Jundiai-SP, as entregas fazem parte da Minha Casa Minha Vida e ocorreram na manha desta quarta-feira (03). (Foto: Luciano Claudino/Codigo19/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    A presidente Dilma Rousseff em cerimônia de entrega de unidades habitacionais em Indaiatuba (SP)

    Sob o argumento de que não dá para comprar mais de uma briga ao mesmo tempo, o governo Dilma Rousseff desistiu de propor, neste momento, uma reforma trabalhista e vai focar suas "energias" na da Previdência.

    A equipe da presidente diz que o tema não será abandonado, mas considera que, neste momento de desemprego alto, seria impossível aprovar mudanças na legislação trabalhista que dessem mais força para a negociação direta entre patrões e empregados.

    Assim que foi escolhido, no fim de 2015, o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, elegeu entre as prioridades buscar duas reformas: a da Previdência e a trabalhista.

    A ideia foi encampada pelo Planalto, que também passou a defender a proposta de que acordos coletivos entre trabalhador e patrão poderiam prevalecer sobre a legislação como forma de dar mais competitividade à economia.

    Inicialmente, o governo queria negociar as duas reformas na primeira reunião deste ano do Fórum Nacional de Previdência e Trabalho, composto por empresários e trabalhadores, que acontecerá nesta quarta-feira (17).

    A equipe de Dilma acreditava até que teria o apoio de algumas centrais sindicais, que já defenderam a medida no passado, mas foi avisada de que a crise, com desemprego em alta, impossibilita negociações nessa área.

    FRUSTRAÇÃO

    A decisão frustra o empresariado, que comemorara o anúncio do ministro Nelson Barbosa de, enfim, priorizar a reforma trabalhista.

    Dentro da equipe econômica, o discurso é semelhante ao do Palácio do Planalto: não há clima para negociar as duas reformas e, se insistir, o governo corre o risco de ficar sem nenhuma delas. Daí a decisão de priorizar a da Previdência, considerada essencial para sinalizar compromisso com o equilíbrio das contas públicas no médio e longo prazos.

    O problema do governo é que até a da Previdência, defendida por Dilma, conta com resistências na Esplanada dos Ministérios. O ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) deixou claro que o assunto não pode ser discutido com pressa nem urgência, como defende o Ministério da Fazenda, preferindo uma negociação mais lenta.

    Rossetto deixou isso claro em nota divulgada na semana passada, ao afirmar que, por enquanto, o fórum vai tratar de estudos e reflexões sobre a Previdência Social.

    ENTRAVES NA BASE

    No Congresso, o governo terá também dificuldades em conseguir apoio do próprio PT, contrário à proposta, além de outras legendas, como PC do B, PTB e PDT.

    A proposta que a Fazenda irá apresentar a trabalhadores e empresários no fórum, na quarta-feira, prevê um processo de unificação dos regimes de Previdência no país a partir de 2027.

    Neste ano, termina a elevação gradual da fórmula 85/95 até atingir 90/100 —soma de idade e tempo de contribuição para mulheres e homens se aposentarem com benefício mais elevado.

    Em um dos cenários, a unificação das regras de aposentadoria —mesma idade para homens e mulheres, de trabalhadores rurais e urbanos e de servidores públicos e empregados do setor privado— seria concluída em 2040.

    Ou seja, seria criado um período de transição, durante o qual as regras começariam um processo de unificação. O que significa que homens e mulheres se aposentariam com a mesma idade ao final da fase de transição.

    Entre as propostas, o governo quer já estabelecer uma idade mínima a partir de 2027, mas ela conviveria como critério de aposentadoria com a fórmula 85/95 até que as regras da Previdência fossem totalmente unificadas.

    *

    A ESCOLHA DE DILMA
    Só uma reforma vive

    1) O que poderia mudar nas relações trabalhistas?
    A proposta era que acordos coletivos entre trabalhadores e patrões pudessem prevalecer sobre a legislação

    2) Qual era o objetivo?
    A ideia foi apresentada como uma das prioridades do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, como forma de dar mais competitividade à economia do país

    3) Como seria conduzida?
    O governo pretendia negociar as mudanças na primeira reunião deste ano do Fórum Nacional de Previdência e Trabalho, composto por empresários e trabalhadores, que acontecerá nesta quarta (17)

    4) Por que o governo mudou de ideia?
    Embora algumas centrais sindicais já tenham defendido a medida no passado, a crise econômica, com desemprego em alta, praticamente impossibilita qualquer negociação nessa área

    5) Qual a nova estratégia da equipe econômica?
    Priorizar a reforma da Previdência, considerada essencial para sinalizar compromisso com o equilíbrio das contas públicas no médio e longo prazos

    6) Mudar a Previdência será mais fácil?
    A reforma é defendida pela presidente, mas conta com resistências no governo. O ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) afirma que não deve haver pressa, como defende a Fazenda

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