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    Atrás de inovação, empresas buscam projetos para programas de aceleração

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    18/09/2016 02h00

    Divulgação
    Empreendedores trabalham em escritório da Wayra, aceleradora de start-ups da Telefónica
    Empreendedores trabalham em escritório da Wayra, aceleradora de start-ups da Telefónica

    Em busca de inovação ágil e barata, grandes empresas começaram uma corrida para atrair projetos inovadores em desenvolvimento por start-ups (iniciantes de tecnologia) e dar a eles um empurrão para que conquistem o mercado.

    Ao menos 13 companhias mantêm programas de aceleração de empresas no Brasil, a maioria lançada a partir de 2015. Entre os mais novos, estão os de Google, Samsung, Cetip, Porto Seguro, Basf, Senior, Nestlé e Danone.

    Bradesco, Itaú e Baidu também desenvolveram variações do modelo para se aproximar das novatas.

    Nessas iniciativas, quem promove a aceleração seleciona companhias ou empreendedores para apoiar por período de até um ano.

    Elas recebem infraestrutura e consultoria de especialistas e executivos da empresa realizadora do programa para desenvolver seus projetos. Também podem fechar parcerias ou acessar clientes da empresa apoiadora.

    Antes de ser adotado pelas grandes empresas, esse tipo de programa já era desenvolvido por grupos de investidores, com o objetivo de se associar a novatas, fazê-las crescer e lucrar vendendo-as mais tarde.

    Newton Campos, coordenador do centro de estudos em private equity e venture capital da FGV, diz que a crise brasileira diminuiu o incentivo para investidores apostarem no modelo, de um lado, e despertou o interesse das grandes por esses programa, de outro. O benefício vislumbrado por elas nessas iniciativas é a possibilidade de inovar de forma barata, afirma.

    O desafio, contudo, é que, quando muitas empresas disputam um número limitado de bons projetos, localizar e investir nos melhores primeiro fica mais difícil, afirma.

    Outro motivo que impulsiona essa tendência é a percepção dessas companhias de que, apenas com seus próprios recursos, enfrentando burocracias internas e limitadas pela busca por evitar riscos e por pressão por resultados no curto prazo, elas não conseguem criar novos produtos e serviços com a mesma agilidade das start-ups, afirma Marcelo Nakagawa, professor do Insper.

    "Os novos negócios estão se tornando grandes muito rápido. Se você não pegá-los no começo, a hora vai passar", diz Renato Valente, diretor da Wayra, aceleradora da Telefónica, iniciada em 2012 e pioneira do modelo no Brasil.
    Italo Flammia, diretor da Oxigênio, aceleradora aberta pela Porto Seguro em São Paulo neste ano, afirma que é necessário que as start-ups ofereçam algo que tenha relação com projeto da seguradora para serem apoiadas.

    A start-up Automobi exemplifica o tipo de parceria buscada. Ela oferece aplicativo para que condutores sejam notificados sobre a necessidade de manutenção preventiva em seus veículos conforme o usam e sobre a plataforma em que podem localizar prestadores de serviço credenciados próximos a eles.

    Aceleradoras de Start-Ups

    Acelerada há um mês e meio, a empresa fechou parceria para incluir a Renova Ecopeças, negócio de venda de peças usadas da Porto, como um dos parceiros que a Automobi indica aos seus usuários, diz Davi Barboza, 31, fundador da empresa.

    INVESTIMENTO

    Mesmo que o objetivo da aceleração corporativa em geral não seja vender a empresa acelerada, é comum que quem promove o programa faça investimentos nas companhias selecionadas, em troca de participação acionária.

    Porém a regra tem exceções. O Google, por exemplo, não fica com ações das empresas que apoia.

    "Quando as start-ups crescem, usam mais nossas ferramentas ou desenvolvem serviços que tornam nossos produtos melhores, e todos prosperam", diz José Papo, gerente de relações com desenvolvedores e start-ups do Google para a América Latina.

    A aceleração de negócios também tem sido usada para a descoberta de projetos com potencial de unir impacto social e retorno financeiro.

    Neste mês, Nestlé e Natura lançaram chamadas para acelerar empreendedores na Amazônia, com o objetivo de encontrar ou desenvolver projetos que estejam relacionados a problemas identificados pelas companhias.

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    ACELERAÇÃO
    Saiba como funciona

    O que são?
    Programas que dão apoio a start-ups, com o objetivo de lançar uma empresa ou aumentar sua participação no mercado

    Para quem é?
    Empresas inovadoras novas com potencial para realizar parceria futura com a grande

    Quais seus objetivos?
    Para a grande, ter agilidade na inovação e testar novas ideias sem a necessidade de assumir muito risco ou fazer grandes investimentos; para a start-up, conseguir apoio técnico e possibilidade de conquistar clientes

    O que oferecem?
    Ajuda de executivos e especialistas, acesso a clientes, infraestrutura

    Dão dinheiro?
    Parte dos programas oferece investimento para as start-ups, que costuma ser de até R$ 200 mil; em troca, passam a controlar até 20% das ações da companhia investida

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