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    Só uma em cada quatro empresas sobrevive após recuperação judicial

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    07/10/2016 02h00

    Renato Stockler - 12.mai.2007/Folhapress
    ORG XMIT: 273701_1.tif Funcionário da Primeira Seção de Registros de Imóveis, carimba monitor de computador, com certidão digital de imóveis, no Centro, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 12.05.2007. Foto de Renato Stockler/Folhapress)
    Número de empresas que pediram recuperação judicial no Brasil bateu recorde em setembro

    O número de empresas que deram entrada no pedido de recuperação judicial no Brasil bateu recorde histórico no mês passado. E, se depender do histórico do dispositivo, apenas 1 em cada 4 vai efetivamente conseguir retomar as operações.

    Segundo especialistas, o mais provável é que a companhia que vai sobreviver seja de médio ou grande porte, enquanto que a maior parte das pequenas e micro que recorrerem ao socorro ficará pelo caminho.

    Estudo inédito do birô de crédito Serasa Experian acompanhou 3.522 empresas que tiveram a recuperação judicial deferida entre junho de 2005 –ano em que a lei foi criada– e dezembro de 2014. Desse número, 946 companhias tiveram o processo encerrado no período. Delas, apenas 218 (ou 23%) voltaram à ativa. A realidade para as demais 728 foi ter a falência decretada.

    A perspectiva é que a taxa de sucesso caia, considerando que o estudo foi concluído antes que a crise econômica que afeta o país fizesse mais vítimas no mercado, principalmente entre as micro e pequenas empresas. Neste ano, o indicador da Serasa que mede a quantidade de companhias que deram entrada no pedido de recuperação judicial vem batendo recorde. Até setembro, o número de solicitações disparou 62% ante os primeiros nove meses de 2015: 1.479 empresas pediram recuperação.

    O estudo da Serasa não conclui se a taxa de sucesso é positiva ou negativa.

    "Não é um estudo voltado para trazer informação conjuntural", diz Luiz Rabi, economista da Serasa.

    Apesar disso, ele pondera: "Fica o questionamento: se eu não estou conseguindo recuperar nem metade das empresas, o instrumento talvez não esteja cumprindo de forma eficiente o objetivo para o qual foi gerado".

    Editoria de Arte/Folhapress
    Recuperação judicial

    ATRASO

    Alguns fatores desequilibram a balança e ajudam a definir se a empresa terá sucesso ou não no processo.

    Um dos principais é o momento de pedir a recuperação. "Boa parte das empresas menores ainda funciona em esquema familiar, então é difícil para o patriarca admitir que precisa de ajuda para sair do vermelho", diz Fabio Cortezzi, assessor jurídico da FecomercioSP.

    O timing certo é apontado por Luiz Antônio Nogueira, diretor financeiro da varejista de informática Cecomil, como diferencial para a recuperação que a empresa enfrentou nos últimos dois anos. "Se a gente tivesse demorado mais três ou quatro meses para entrar, seria questão de tempo para a empresa fechar", diz.

    Pedidos apresentados à Justiça - Número de empresas com pedidos de recuperação judicial bate recorde em 2016*

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