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Joan Kroc (1928-2003), que doou a maior parte da herança do McDonald's |
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Mercado
Saturday, 23-Nov-2024 10:17:51 -03Crítica
Livro apresenta herdeira do McDonald's que doou fortuna
JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO17/12/2016 02h00
A história de Ray Kroc, o homem responsável pela ascensão global do McDonald's, é largamente conhecida.
Foi o filho de imigrantes, vendedor de copos de papel e máquinas de milk-shake que comprou a empresa de dois irmãos sem visão para o potencial do negócio e a transformou em logomarca onipresente em todas as paisagens do território americano a partir dos anos 1950.
Em suma, ficou conhecido como o empresário que enriqueceu colocando o hambúrguer na linha de montagem.
Mas poucos sabem qual foi o papel de Joan Kroc, a jovem por quem Ray se apaixonou –levando-o ao divórcio da segunda mulher.
Cerca de 25 anos mais nova que Ray, Joan viveu mais duas décadas após a morte dele, até ter um câncer diagnosticado que lhe tirou vida, em 2003. Ela preferiu destinar à caridade a maior parte da fortuna deixada pelo marido. Em vez de favorecer seus descendentes com uma herança bilionária, Joan beneficiou causas diversas, do combate ao alcoolismo à proteção de animais.
A trajetória do casal é narrada no livro "Ray & Joan: The Man Who Made the McDonald's Fortune and the Woman Who Gave It All Away" (em tradução livre: Ray e Joan: O homem que construiu a fortuna do McDonald's e a mulher que a doou).
Nele, detalhes da personalidade de Joan são usados para tentar reconstruir os motivos que a levaram a praticar sua filantropia. Ela quis transformar a dor de viver ao lado do marido alcoólatra em algo positivo, justifica a autora Lisa Napoli, jornalista que trabalhou em veículos como "The New York Times" e CNN.
Napoli descreve Joan como uma rica excêntrica de aparência minuciosa, vestida de Yves Saint Laurent e Givenchy, que salta em seu jato com destino a Las Vegas para jogar durante 16 horas e perder US$ 1 milhão.
Mas a generosidade aparece embutida nas extravagâncias de Joan quando ela atravessa a fronteira de Tijuana, no México, sequestra um cachorro sarnento e o leva para uma vida luxuosa ao lado de uma coleção de cães em sua casa na Califórnia. Ela enterrava os bichos de estimação com reverência num cemitério de cachorros mantido em sua propriedade.
McDonald's /The New York Times Ray Kroc (1902-1984, à dir.) e o executivo Fred. L Turner DISCRIÇÃO
Em suas doações, a filantropa preferia o anonimato. Seu método se opunha às iniciativas altruístas construídas como marketing pelo marido para a marca de fast food, um modelo que antecipou a tendência de responsabilidade social corporativa, segundo Napoli.
O livro acaba construindo uma versão idealizada ao avançar nos fatos e concluir que Joan nunca se sentiu autorizada para regozijar-se com a fortuna abissal.
Ele tem o mérito de mostrar a lucidez de Joan ao reconhecer que o dinheiro em sua vida era fruto do acaso.
Joan compreendia que sua vida não teria sido a mesma se Ray não tivesse conhecido os irmãos McDonald's de quem comprou a lanchonete. Nada seria igual se Ray não tivesse entrado no restaurante na noite em que ela tocava o órgão e se apaixonado.
Antes de abrir mão de seus bilhões, ela tentou incutir em suas netas a ideia de que eles eram apenas pessoas afortunadas e que o acesso que eles tiveram a uma vida de privilégios era só um produto do acaso, um acidente que aconteceu no nascimento.
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