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    Previdência

    PSB se declara contra reformas de Temer e ameaça abandonar o governo

    DANIEL CARVALHO
    DE BRASÍLIA

    24/04/2017 20h39 - Atualizado às 09h23

    Quinto maior partido da base governista, o PSB se declarou nesta segunda-feira (24) contra as reformas da Previdência e da legislação trabalhista, duas iniciativas prioritárias para governo peemedebista no Congresso.

    O presidente Michel Temer, no entanto, atua para estimular alguns deputados a votar contra a orientação da cúpula do partido e evitar que se crie um "efeito cascata" na base aliada. O receio é que PTB e PPS possam adotar a mesma atitude do PSB.

    A Câmara se prepara para iniciar nesta terça-feira (25) a votação da reforma trabalhista na comissão que trata do assunto.

    Em outra comissão, que analisa as mudanças na Previdência, a votação está prevista para o dia 2 de maio.

    O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), pai do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, afirmou que o cargo do filho está à disposição. Temer, contudo, comunicou ao ministro que o manterá no posto e se reunirá nesta terça com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), para tentar reverter a decisão do partido.

    O ministro cogitou mudar de legenda na conversa com o presidente, que considerou a medida desnecessária.

    Se a sigla cumprir a ameaça e romper com o governo, a base de Temer na Câmara perderá 35 integrantes, passando de 411 para 376.

    No Senado, deixaria de contar com 7 de 67 parlamentares de partidos aliados.

    PLACAR APERTADO

    Para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) como a da reforma da Previdência, são necessários ao menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado.

    A projeção de auxiliares presidenciais é de um placar apertado na votação da reforma da Previdência, com cerca de 320 votos a favor da proposta. Para garantir essa vantagem, o Planalto espera que pelo menos metade da bancada do PSB na Câmara vote a favor da iniciativa.

    Como o partido resolveu "fechar questão" –como se diz no jargão político– contra as reformas defendidas por Temer, os deputados ficam obrigados a votar de acordo com a orientação do partido no plenário, sob pena de punição.

    "Não estamos no governo. É prudente o Planalto começar a contabilizar votos a menos", disse o vice-presidente de relações governamentais do PSB, Beto Albuquerque.

    "Na medida que as bancadas não respaldam as matérias que são importantes para o governo, é importante deixar o governo à vontade para compor a sua equipe com a aqueles que possam contribuir na aprovação das matérias legislativas", disse Bezerra Coelho.

    Nesta segunda (24), o presidente promoveu reunião com os ministros ligados às bancadas aliadas. A ordem foi para que todos os auxiliares com mandato peçam demissão temporária do cargo quando chegar a hora de votar a reforma da Previdência no plenário. Temer também pediu uma ofensiva mais direta sobre a base para reduzir chances de traição.

    "O presidente entendeu que deveria, no momento oportuno, exonerar todos os ministros que têm atuação de liderança nas bancadas parlamentares", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy.

    CARTILHAS

    Além de distribuir cartilhas a parlamentares para municiá-los em defesa das reforma, o Planalto irá reforçar ameaças aos que votarem contra o governo, indicando que poderá tirar cargos de segundo e terceiro escalões e reduzir verbas para projetos apoiados pelos deputados.

    As cúpulas dos partidos aliados já foram informadas de que, se houver traição, perderão espaço logo depois da votação da reforma trabalhista, encarada como um teste para a da Previdência.

    Nesta terça, os oito deputados do PPS vão definir como lidarão com as reformas.

    O partido comanda os ministérios da Defesa e da Cultura. Deputados da sigla criticam a proposta trabalhista, mas o comando da legenda na Câmara se mostrou mais maleável após mudanças feitas no texto da Previdência.

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