Marcel Fukayama | ||
Criança aprende a usar computador em projeto do CDI Lan |
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Mercado
Friday, 22-Nov-2024 21:27:30 -03Fim das lan houses deixou lacuna, diz pioneiro do setor
NATÁLIA PORTINARI
DE SÃO PAULO16/07/2017 02h00
Em 2001, quando entrou pela primeira vez em uma lan house, Marcel Fukuyama, aos 17 anos, encontrou um ambiente escuro, povoado por adolescentes do sexo masculino. A finalidade lá era uma só: jogar "Counter-Strike". Ele viu logo o potencial de transformar as lojas em espaços de estudo e trabalho. Na época, 8% da população brasileira tinha internet em casa, de acordo com a Nielsen.
"Minha ideia sempre foi democratizar o acesso. Mas, assim que abri a loja, lidei com um projeto de lei que queria proibir lan houses em São Paulo", diz o empreendedor, que foi dono de uma das primeiras redes do setor.
Com sua intervenção, a lei mudou, exigindo apenas que cibercafés tivessem "ambiente saudável e iluminação adequada". No Rio, ele ajudou a derrubar uma lei que proibia lans no raio de 1 km de instituições de ensino.
"A lan house era um centro de conveniência, para baixar música, trabalhar", diz.Em 2008, 47% dos brasileiros usavam a web em lan houses, ante 43% que acessavam na própria casa, segundo o CGI (Comitê Gestor da Internet). Na área rural, o uso de lan house era ainda mais relevante. Segundo o CGI, as cerca de 100 mil lan houses no país deviam ser vistas como "o âmago das políticas públicas" de acesso à internet.
Nessa época, Fukuyama fechou sua loja e virou diretor do CDI (Centro de Inclusão Digital). O CDI Lan, comandado por ele, tinha 2.300 lan houses que seguiam um código de conduta e ofereciam cursos para crianças.
"Fizemos acordo com a Microsoft para baixar o preço das licenças do Windows, porque havia muita pirataria."Nos anos seguintes, o smartphone mudou radicalmente o que se entende por inclusão digital. A proporção de domicílios com internet no celular chegou a 80,4% em 2014. Pela primeira vez, mais de metade da população rural tinha acesso à telefonia móvel, incluindo muitos que nunca usaram computador.
Segundo o IBGE, em 2015 40,5% dos domicílios estavam conectados via computador, e 17,3%, via celular.
Nem todos têm dinheiro para pagar internet em casa ou um plano de dados móvel. "A evolução da lan house são os hotspots de wi-fi, que dividem um roteador no bairro", afirma Fukayama. "O fim das lan houses deixou uma lacuna. Desenvolver projetos é difícil, porque perdemos a figura do dono do negócio. O desafio é que a chegada do 5G [rede superveloz] não aprofunde ainda mais a desigualdade no acesso", diz.
Um estudo da União Europeia estima que a criação de uma rede 5G lá custaria € 58 bilhões -no Brasil, isso poderia criar disparidades entre cidades, teme Fukayama.
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