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    Grupo afirma que cancelamento de contratos foi retaliação da Petrobras

    NICOLA PAMPLONA
    DE DO RIO

    05/09/2017 02h00

    Alan Marques-14.out.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 14.10.2015. O presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, depõe na CPI da Petrobrás sobre o escândalo de corrupção na empresa. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Aldemir Bendine em CPI que investigou a Petrobras em 2015

    Em disputa com a Petrobras após rompimento de contratos de aluguel de sondas e plataformas, a Schahin (agora chamada Grupo Base) acusa o ex-presidente da estatal Aldemir Bendine de retaliação e ameaça processar o executivo, hoje preso em Curitiba.

    Em carta enviada ao conselho de administração da companhia no fim de agosto, a Base/Schahin liga uma disputa comercial com empresa ligada ao operador financeiro Lúcio Funaro ao cancelamento de cinco dos seus contratos pela Petrobras em 2015.

    No texto, a empresa cita 59 ligações telefônicas entre Bendine e Funaro reveladas pela Lava Jato em agosto, como um indício de que as relações entre os dois podem ter influído na decisão. As conversas ocorreram entre fevereiro de 2015 e maio de 2016.

    "A partir de abril de 2015, viu-se o Grupo Base, estranhamente, objeto de sucessivas, severas e injustificadas medidas punitivas adotadas pela Petrobras", diz a carta.

    O cancelamento dos contratos ocorreu em maio de 2015, sob justificativa de que a fornecedora paralisou as atividades em três sondas de perfuração e duas plataformas de produção de petróleo.

    "A totalidade das rescisões unilaterais foram assinadas pelo sr. Bendine, a despeito de ter recentemente sido apontado como diretor-presidente da Petrobras à época dos fatos", afirma a empresa.

    Em novembro de 2016, já com Pedro Parente na presidência, a Petrobras rescindiu o último contrato com a empresa, da sonda Vitória 10.000, alegando inadimplência no pagamento de parcelas do financiamento.

    A contratação da unidade é apontada pelo Ministério Público como uma das fontes de propina para o ex-deputado Eduardo Cunha, também preso em Curitiba. Na carta, a Base/Schahin diz que vai processar Cunha e Funaro.

    "O Grupo Base está tomando todas as medidas necessárias previstas em nosso ordenamento jurídico, inclusive a responsabilização pessoal dos envolvidos", diz o texto.

    A briga entre a Schahin e Funaro teve início em 2008, com o rompimento da barragem da hidrelétrica de Apertadinho, em Rondônia, e foi parar na Justiça. A construtora do grupo foi contratada por uma empresa ligada ao doleiro para fazer a usina e acabou penalizada pelo acidente.

    Em recuperação judicial, a companhia alega que não tem condições de sobreviver sem a receita do aluguel das sondas. Além disso, acusa a estatal de tratamento diferenciado em relação a outras empresas alvo da Lava Jato.

    OUTRO LADO

    Procurada, a Petrobras e a Base/Schahin não comentaram o assunto. Quando interrompeu os contratos em 2015, a estatal disse que a própria Schahin comunicou que seus problemas de caixa representavam risco para as sondas.

    A Base/Schahin alega, porém, que os contratos lhe garantiam até 60 dias de paralisação por ano, mas as paradas somaram, no máximo, 28 dias. A defesa de Bendine disse não ter conhecimento do teor da carta e, por isso, não poderia comentar o assunto.

    A defesa de Cunha diz que o deputado "nega veementemente essa acusação fluida e desamparada de provas".

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