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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Empresas modernizam comércio de carros ao aproximar loja e consumidor

    EDUARDO SODRÉ
    COLUNISTA DA FOLHA

    11/09/2017 02h00

    Karime Xavier/Folhapress
    Posto de vistoria da Instacarro, em São Paulo
    Posto de vistoria da Instacarro, em São Paulo

    "Faltam seminovos no mercado, as lojas estão comprando umas das outras para atender à demanda", diz Rafael Lourenço, da start-up PasseCarros. A empresa é uma das que enxergaram oportunidade num setor que se mostrou resistente à crise.

    Em 2016, a venda de usados ficou estável, com alta de 0,2% em relação a 2015 e 10,3 milhões de modelos negociados. No mesmo período, a venda de novos caiu 20%, com 2 milhões de unidades emplacadas. Os dados são da Fenabrave, que representa as distribuidoras de carros.

    Com aplicativos, os empreendedores aproximam vendedores e compradores, sejam lojistas, foco da PasseCarros, ou particulares, como Instacarro e Car4sale.

    "Investigamos o mercado e encontramos investidores, mas o maior desafio foi convencer os lojistas a comprarem de nós. Diziam não querer disputar carros com concorrentes", afirma Diego Fischer, da Instacarro, que atua desde dezembro de 2015.

    A princípio, os revendedores não acreditavam no formato do negócio, em que é preciso dar lances num leilão virtual. Os carros oferecidos são de clientes que recorrem à Instacarro na tentativa de obter boas ofertas.

    O plano de negócio de Fischer mostrou-se viável ao incluir uma vistoria do veículo e dar garantias. Como há variações de gostos e preços entre regiões, um revendedor de outro Estado pode achar interessante um carro "desprezado" em São Paulo, apesar dos gastos com frete.

    Hoje, há 1.500 lojistas cadastrados na Instacarro, e a receita mensal balizada (média dos últimos 12 meses) é de R$ 220 milhões. A empresa, que nasceu em São Paulo, acaba de inaugurar três pontos de vistoria no Rio.

    Marcelo Justo/Folhapress
    O empresário Daniel Jacinto, criador do App do Automóvel
    O empresário Daniel Jacinto, criador do App do Automóvel

    O lucro da Instacarro vem de comissões pagas pelos revendedores. Apesar da depreciação (em média, o valor pago é cerca de 20% inferior ao da tabela Fipe), clientes que da start-up recebem pagamento imediato e assessoria para cuidar dos documentos.

    Na Car4sale, que também lucra com comissões, o foco está nas negociações diretas entre consumidores. Além de apresentar os veículos por meio de anúncios, a start-up faz a intermediação do processo de compra e venda.

    De acordo com Daniel Corrêa, criador da Car4sale, a vantagem para os clientes está na maior valorização do carro, por não haver apenas revendedores envolvidos.

    A empresa começou em 2016 com R$ 350 mil para desenvolver seu aplicativo. Deu certo, e Corrêa levantou R$ 1,4 milhão com investidores estrangeiros para expandir o negócio. "Somos fortes no Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Buscamos triplicar as operações e chegar a São Paulo", diz o empresário. A nova fase exige mais R$ 3,5 milhões. "Há custos elevados, como montar a rede de call center."

    Para os empresários, a parte mais complicada é o desenvolvimento do aplicativo. Daniel Jacinto, criador do App do Automóvel, investiu R$ 700 mil para colocar sua ideia no ar: um canal para troca de carros inspirado no Tinder.

    "O cliente anuncia o carro e dá 'likes' em outros veículos. Quando há interesse mútuo, o sistema avisa que deu 'match'", explica. O App do Automóvel tem hoje 30 mil modelos anunciados. Há plano de assinatura, por R$ 4,99.

    É preciso incluir uma sólida retaguarda jurídica no plano de negócios, alerta Emerson Neves, consultor do Sebrae-SP. "As start-ups precisam definir as responsabilidades entre contratantes, com respeito ao código de defesa do consumidor, e toda a intermediação deve constar em contrato preestabelecido no site ou aplicativo."

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    VENDAS ACELERADAS

    PASSE CARROS
    Start-up promove avaliações de veículos e negociações entre concessionárias e lojistas independentes
    COMO FUNCIONA As concessionárias anunciam lotes de carros usados no site da Passe Carros. Os veículos são visualizados por lojistas, que fazem suas ofertas
    INTERMEDIAÇÃO Oferece assessoria on-line e serviços de vistoria para ajudar o lojista a precificar e repassar os carros que compra e vende
    QUANTO CUSTA Valores dependem do volume de anúncios e do que for solicitado pelo revendedor, além de comissões

    APP DO AUTOMÓVEL
    Aplicativo de troca de carros com foco nas negociações diretas, sem intermediação de lojistas
    COMO FUNCIONA Segue o modelo adotado pelo Tinder: os anunciantes aguardam os "likes" em seus carros e também sinalizam os veículos que os interessam para troca. Se houver coincidência nas intenções, ocorre um "match", e as partes serão avisadas para dar continuidade ao negócio
    INTERMEDIAÇÃO O app não se responsabilizada pela negociação, que é feita diretamente entre os anunciantes
    QUANTO CUSTA R$ 4,99 (plano mensal)

    CAR4SALE
    Aplicativo de venda por meio de lances, oferece serviços para ajudar no fechamento do negócio; para particulares e lojistas
    COMO FUNCIONA O vendedor anuncia seu veículo, podendo colocar grande quantidade de fotos; os interessados fazem suas propostas, como em um leilão on-line
    INTERMEDIAÇÃO Oferece serviço de vistoria (feito antes da liberação do pagamento) e sistema para recebimento seguro do valor negociado
    QUANTO CUSTA O anúncio é gratuito, mas o aplicativo cobra comissão de 1,5% sobre o valor negociado do veículo

    INSTACARRO
    A start-up coloca pessoas que desejam vender seus carros em contato com cerca de 1.500 lojistas Brasil afora
    COMO FUNCIONA Após fazer uma cotação on-line, o cliente leva seu carro para ser vistoriado em uma das lojas da empresa. Os dados do veículo são lançados em uma rede nacional de revendedores, que farão suas ofertas
    INTERMEDIAÇÃO Caso o cliente aceite uma das ofertas, a start-up faz o pagamento imediato do carro, antes de receber o dinheiro do lojista
    QUANTO CUSTA O serviço é gratuito. O lucro da empresa vem de comissões pagas pelos lojistas

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