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    Pesquisa oceanográfica esbarra em falta de verba

    NÁDIA PONTES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/10/2017 02h00

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
     O navio de pesquisa "Alpha Crucius", da USP/Fapesp, que foi reformado e está equipado com novas e modernas ferramentas para pesquisas oceonográficas, durante apresentação no cais do porto de Santos (SP). (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, CIENCIA)
    O navio Alpha Crucis, comprado em 2012, usado em pesquisas oceanográficas da USP

    O calendário de atividades do navio Alpha Crucis indica um final de 2017 agitado.

    Desde que voltou ao mar, há um ano, depois de passar quase o mesmo período em manutenção, o principal navio de pesquisa oceanográfica do país já navegou por áreas até então pouco conhecidas dos cientistas brasileiros.

    "Iniciamos uma nova fase de exploração, a de águas profundas do Atlântico Sul. Com esse navio, é possível fazer estudos de mar aberto, sobre a biodiversidade de peixes abissais e taludes [estruturas que garantem a estabilidade dos aterros], por exemplo", explica Frederico Brandini, diretor do Instituto Oceanográfico da USP (Universidade de São Paulo), que opera o Alpha Crucis.

    Adquirida em 2012 pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a embarcação, que tem 64 metros de comprimento e 11 de largura e pode ficar ancorada em alto mar, substituiu o navio Prof. W. Besnard, danificado por um incêndio em 2008.

    O Alpha Crucis também tem pode viajar por períodos mais longos: 70 dias, contra apenas 15 do antecessor.

    O destino do antigo navio, no entanto, ainda é incerto.

    Para os cientistas, o Alpha Crucis representa um avanço tecnológico relevante para a pesquisa brasileira e pode ajudar a desvendar pontos estratégicos para o país.

    Um desses locais é a foz do rio Amazonas. "É um lugar muito visado pelo mundo inteiro por sua importância, além de ser uma área que ainda demanda muitos estudos", afirma Brandini.

    Segundo o pesquisador, o interesse de especialistas de diferentes áreas em usar o navio para investigar a região é "surpreendente".

    Em tempos de cortes severos nos orçamentos voltados à pesquisa científica, manter a embarcação em operação se tornou um desafio.

    "É preciso criatividade, paciência e tolerância. A dificuldade financeira é geral", afirma o diretor.

    No Estado de São Paulo, a situação é considerada um pouco menos crítica sobretudo por causa da atuação da Fapesp, que dispõe de um orçamento anual que corresponde a 1% do total da receita tributária paulista.

    "Não é uma situação simples. Quando a arrecadação estadual cai, a universidade também recebe uma verba menor. E os nossos custos fixos só aumentam", afirma Brandini, do Instituto Oceanográfico.

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