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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Empreendedores que surgem na crise sofrem com falta de conhecimento

    GILMARA SANTOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/10/2017 02h00

    Marcelo Justo/Folhapress
    O empresário Eduardo Casemiro, que perdeu o emprego no setor de autopeças e comprou franquia, em São Paulo (SP)
    O empresário Eduardo Casemiro, que perdeu o emprego no setor de autopeças e comprou franquia, em São Paulo (SP)

    Um em cada quatro brasileiros tem um negócio próprio ou está envolvido na criação de uma empresa, de acordo com dados do Sebrae e do Instituto Data Popular. Esse grupo se expande em tempos de crise.

    Hoje, de acordo com um estudo do Grupo Bittencourt, 36% dos empreendedores entram no mercado por terem sido demitidos e não conseguirem um novo posto.

    Apenas 7% desses queriam mesmo abrir um negócio. São, em geral, pessoas sem nenhum conhecimento do mundo dos negócios, que procuram garantias.

    "Como a franquia é uma aposta mais segura, por já ter um modelo bem estruturado, muitos dos que empreendem por necessidade têm buscado essa opção", diz Claudia Bittencourt, diretora da consultoria Grupo Bittencourt, especializada no setor.

    De acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising), a taxa de mortalidade das franquias é mais baixa em relação às empresas em geral: 5,1%, contra 23,4%, em dados de 2016. Ou seja, de cada 100 negócios, 23 baixam as portas em até dois anos.

    Os dados trazem certo conforto, mas não certeza de sucesso. Para que o negócio dê certo, é importante verificar as unidades que já estão em funcionamento e a relação da franquia com outros empresários, além de pesquisar o negócio e buscar uma empresa que se encaixe com o perfil do empreendedor.

    O especialista em franchising Marcus Rizzo sugere que os interessados em adquirir uma franquia consultem pelo menos três empresas diferentes no mesmo ramo antes de tomar uma decisão.

    "Com a escolha correta, você diminui os riscos do negócios não dar certo. Não basta ter recursos financeiros, é preciso ter alguma afinidade com o tipo de negócio e, claro, dedicação", diz Rizzo.

    MUDANÇA COMPLETA

    Foi a perda do emprego em 2014 que levou Eduardo Casemiro a investir todas as suas economias em um negócio próprio. Ele fez um investimento total de R$ 280 mil, para comprar uma franquia da Doctor Feet, que oferece serviços de podologia.

    "Trabalhava no setor de autopeças. Como não conseguia me recolocar dentro da área em que tenho maior experiência, resolvi arriscar e montar um negócio", afirma Casemiro.

    Ele diz que escolheu o modelo porque o suporte que recebe da franqueadora ajuda a diluir os riscos.

    Fernando Dias pensou da mesma forma. Ele foi demitido em 2016 e procurou uma nova vaga por um ano e meio, sem sucesso.

    Foi quando decidiu adquirir seu primeiro food truck da Los Ogros, rede de hambúrguer, no fim do ano passado. Hoje, ele tem três unidades.

    Em ambos os casos, os empreendedores tiveram que aprender na prática, e logo descobriram que parte da reserva de capital que sobrou das rescisões de contrato teria que ser reinvestida.

    "É fundamental que o novo empreendedor tenha capital de giro para manter o negócio enquanto ainda não tem faturamento e também para se manter, já que o prazo para lucrar com a empresa pode ser longo", diz Rizzo.

    Esse ciclo que precede o lucro muitas vezes não é considerado, por falta de experiência. Segundo o Sebrae-SP metade das pessoas que abriram um negócio no ano passado o fizeram por necessidade. Esse montante era de 32% em 2011, quando o mercado de trabalho estava aquecido.

    Segundo Rizzo, o prazo médio para que a empresa se pague é de dois anos.

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