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    Teste do Facebook em 6 países derruba audiência de sites de notícias

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    26/10/2017 02h00

    Gerard Julien/AFP
    Esta foto de arquivo realizada em 09 de outubro de 2015 mostra uma tela de computador exibindo a página do Facebook com as novas opções de "Reações" como uma extensão do botão "como", para dar às pessoas mais maneiras de sinalizar facilmente como elas se sentem. O Facebook foi multado em 1,2 milhões de euros em 11 de setembro de 2017 por um responsável espanhol pela proteção de violações das leis de privacidade.
    Tela de computador exibindo a página do Facebook

    O Facebook provocou reação de editores ao redor do mundo ao iniciar um teste em seis países, na semana passada, tirando as páginas de mídia e outras do feed de notícias –que passou a priorizar amigos e conteúdo pago.

    O teste é restrito a pequenos países de América Latina (Guatemala e Bolívia), Europa Oriental (Eslováquia e Sérvia) e sul da Ásia (Sri Lanka e Camboja). Neles, as Redações perceberam quedas de audiência a partir do dia 19.

    No sábado, o jornalista Filip Struhárik, do eslovaco "Denník N", publicou um texto de alerta, em inglês, que repercutiu a ponto de forçar uma série de respostas de Adam Mosseri, o diretor mundial do feed de notícias.

    Em seu texto, Struhárik relatou a "maior queda em alcance orgânico no Facebook" já registrada. As 60 maiores páginas de mídia do país teriam caído para menos da metade das interações (curtidas, comentários e compartilhamentos). A média diária de 2.000 interações, até o dia 18, teria baixado para 800, a partir do dia 19.

    Posteriormente, Struhárik informou que a queda era "menos significativa" nas publicações eslovacas de "grande mídia", que têm mecanismos próprios "fortes" de propagação de conteúdo, como home pages, notificações e newsletters.

    Entre as conclusões iniciais tiradas por editores, tanto os atingidos como aqueles de outros países, a principal foi que será preciso pagar ao Facebook para se manter no feed de notícias –e veículos menores tenderão a desaparecer.

    O site guatemalteca "Soy502", que teria perdido dois terços de sua audiência, descreveu o controle do Facebook sobre o fluxo mundial de informação como "completamente orwelliano", referência a George Orwell, autor inglês do romance distópico "1984".

    FACEBOOK

    Mosseri, do Facebook, respondeu a Struhárik via Twitter, dizendo que "não é um teste global e não há planos para que seja". E que "as pessoas muitas vezes nos dizem que querem mais dos amigos", daí a divisão em "dois feeds".

    O teste aproveita uma mudança geral no Facebook, que começou a liberar na quinta o feed de exploração (com perfis e páginas não seguidos) para todos os usuários. Nos seis países, foram transferidas para lá as páginas de mídia e outras.

    Questionado por Struhárik, Mosseri acrescentou que o teste na Eslováquia e nos outros cinco vai durar "provavelmente meses, porque pode demorar para as pessoas se adaptaram", mas que vai tentar "melhorar a experiência".

    Posteriormente, publicou no site do próprio Facebook um texto mais longo, "Esclarecendo testes recentes", em que afirma que "o objetivo é entender se as pessoas preferem lugares separados para conteúdo pessoal e público".

    E que "não existem planos no momento para cobrar das páginas por sua distribuição no feed de notícias", observando que "infelizmente alguns fizeram essa interpretação –mas essa não era a nossa intenção".

    Depois, em evento público em Nova York, Mosseri acrescentou ainda que o Facebook não planeja realizar globalmente a mudança "como ela está" e lamentou: "Eu acredito que poderíamos ter comunicado o teste melhor".

    Editoria de Arte/Folhapress
    BOLHA SOCIALFacebook tira notícias do feed de usuários para testar novo modelo

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