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    Brasileiros criam rede social que promete ser à 'prova de bolhas'

    RICARDO AMPUDIA
    DE SÃO PAULO

    02/11/2017 02h00

    Domenico Pugliese/Unnon
    BRASILIA, DF, BRASIL, 28-06-2016, 16h00: O chefe de gabinete do PGR Eduardo Pelella. Seminário Grandes Casos Criminais, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público. O jornalista Sérgio Dávila participa de mesa para debater o papel da imprensa nos casos criminais relevantes. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Eduardo Malpeli (esq.) e Rogério Simões, criadores da Unnon

    Dois brasileiros estão lançando uma rede social com um funcionamento pouco usual. Batizada de Unnon (pronuncia-se como "unknown", "desconhecido", em inglês), ela conecta pessoas desconhecidas por um mês, depois as separa e apaga tudo o que foi trocado entre elas.

    Segundo o jornalista Rogério Simões, idealizador do projeto, o cerne da rede é o combate às bolhas sociais ou câmaras de eco, um ambiente em que o usuário só interage com pessoas que pensam como ele, mantendo-o alienado.

    O problema das bolhas foi o centro das discussões da eleição de Donald Trump, nos Estado Unidos, e do "brexit", no Reino Unido, dois resultados que pareciam improváveis para quem frequentava os restritos círculos de amigos das redes sociais.

    O projeto, iniciado em outubro de 2015, é uma criação de Simões e do estrategista Eduardo Malpeli e surgiu durante uma pesquisa na Universidade de Westminster.

    "Pelo que eu saiba, nós também somos a única rede social que desconecta os usuários", afirma Simões.

    No Unnon, os usuários se conhecem em uma tela no qual os perfis aparecem aleatoriamente ou por filtros de localidade. Após se conectarem, ou "darem um bump", os usuários interagem por 30 dias. Após esse período a conexão é desfeita, e o algoritmo se encarrega de nunca mais conectá-los.

    Outro recurso bastante heterodoxo da rede é a privacidade, ou a falta dela. Não existe nada ali que seja sigiloso. Toda postagem ou mensagem é pública, até as conversas privadas.

    Um "direct post" entre dois usuários pode ser lido por qualquer um, ainda que não possa participar da discussão. "Como numa conversa de bar em que você ouve a mesa ao lado, mas não participa", compara Simões.

    A aposta do Unnon na conversa pública ajudaria, segundo a empresa, a manter um ambiente mais seguro contra trollagem, bullying e até crimes on-line.

    A rede também não mantém posts e conversas. Tudo o que é postado tem validade de um mês, e então some. Os dados são guardados por questões legais, mas desaparecem aos olhos do usuário.

    "Sabemos que temos competidores gigantescos, bem estabelecidos ao longo dos anos, mas competimos em termos de tempo e atenção, não em formato. O que oferecemos é único, atacando o problema das bolhas", afirma Simões.

    O aplicativo para iOS já está disponível na loja da Apple, em fase beta. Em 2018, deve estrear em sistemas Android e desktop.

    O Unnon não divulga dados de audiência e valores, mas começou no ano passado uma primeira rodada com pequenos investidores brasileiros e planeja uma mais vultosa após o lançamento oficial do aplicativo, em Lisboa, na segunda metade de novembro.

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