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    Cifras & Letras

    Livro amplia entendimento sobre a crise global de 2008

    JOHN AUTHERS
    DO "FINANCIAL TIMES"

    04/11/2017 03h26

    Andrew Gombert/Efe
    agx02- NUEVA YORK (EEUU), 10/04/2014.- Corredores de bolsa trabajan en el parqué de la Bolsa de Valores de Nueva York hoy, jueves 10 de abril de 2014, en Nueva York. Wall Street cerró con fuertes pérdidas y el Dow Jones de Industriales cedió un 1,62 %, en una jornada especialmente negativa para los valores tecnológicos y de biotecnología que llevó al Nasdaq a su mayor desplome en dos años y medio. EFE/ANDREW GOMBERT ORG XMIT: agx02
    Corretor no pregão da Bolsa de Nova York

    Passados dez anos, não param de surgir livros sobre a crise financeira. Mas ela ainda não tem nome.

    Muita gente a chama de "crise do Lehman", mas o Lehman Brothers só quebrou um ano depois do colapso dos mercados de títulos de dívida, ou de "a crise do subprime" (o que implica que teria sido causada por empréstimos imobiliários a pessoas com históricos de crédito desfavoráveis nos Estados Unidos). O nome mais comum para ela, hoje, é "GFC", sigla em inglês para "grande crise financeira".

    O impacto mais saudável de "Unfinished Business" (Negócio Inacabado), livro polêmico e bem escrito de Tamim Bayoumi, importante dirigente do Fundo Monetário Internacional, talvez seja o de dar à crise um nome novo.

    Para ele, o episódio deve ser conhecido como crise financeira do Atlântico Norte. Criada pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental, seus piores efeitos também aconteceram nessas áreas.

    A crise se perpetuou na Europa devido a falhas na estrutura política da zona do euro; mas em essência ela nasceu do sistema bancário inchado e repleto de incentivos perversos, dos países do Atlântico Norte.

    Antes de 2007, os bancos dos Estados Unidos e do norte da Europa se envolveram em empréstimos irresponsáveis, para imóveis nos Estados Unidos e para os países da periferia da zona do euro.

    A crise surgiu quando as bolhas estouraram, colocando os bancos em sério perigo. No começo de 2007, qualquer pessoa em Wall Street teria dito que os ingênuos bancos europeus eram os mais entusiásticos compradores de títulos de dívida dúbios.

    No nível seguinte, ele menciona uma série de erros das autoridades regulatórias na Europa e nos Estados Unidos. Todos pareciam defensáveis, vistos isoladamente.

    Primeiro, a Lei do Mercado Europeu Unificado encorajou os bancos a crescer e a tratar a União Europeia como um mercado único. Depois, o Tratado de Maastricht, em 1991, manteve a regulamentação dos bancos assunto nacional, não da União Europeia.

    CORRIDA PARA BAIXO

    Isso levou as autoridades regulatórias a encorajar o desenvolvimento de "megabancos" nacionais, e uma "corrida para baixo", quando eles começaram a oferecer condições de empréstimo cada vez mais lenientes.

    Em seguida veio a Emenda de Risco de Mercado de 1996, uma decisão do Comitê de Supervisão Bancária da Basileia que dispôs que as regras de capitalização que os bancos deveriam respeitar se baseassem nos modelos de risco internos desses bancos.

    Essa decisão, propelida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), tinha por objetivo encorajar os bancos a levar a sério a gestão de riscos.

    Mas ela tornou a fiscalização mais difícil. Os bancos passaram a competir para encontrar modelos que lhes permitissem manter reservas de capital mais baixas, o que os tornava mais lucrativos –e mais vulneráveis.

    Por fim, os EUA ampliaram a gama de ativos que os bancos podiam usar como caução em empréstimos de títulos de curto prazo entre instituições, um tipo de transação de que os bancos dependiam para suas necessidades diárias de financiamento.

    A regra os encorajou a criar títulos de dívida lastreados por contratos hipotecários e a manipular as agências de classificação de crédito de forma a ter esses instrumentos classificados em grau de investimento.

    Bayoumi sugere que esses erros foram causados por excesso de confiança.

    As autoridades regulatórias, lideradas por Alan Greenspan, então presidente do Fed, acreditavam na hipótese do mercado eficiente, a de que o autointeresse dos bancos os levaria a evitar excessos. Os reguladores usavam modelos que superestimavam o poder da política monetária e subestimavam os perigos representados pela volatilidade dos mercados de capitais.

    AUTOCORREÇÃO

    Para corrigir esses erros, a regulamentação precisa aceitar o fato de que os mercados não são capazes de se autocorrigir. Bayoumi também afirma que existe necessidade de uma nova macroeconomia que leve em conta o papel central dos mercados.

    Muitos economistas estão tentando desenvolver novos modelos, mas até agora esses esforços ainda não apresentaram muitos resultados óbvios. Enquanto isso, modelos que dependem de suposições negadas pela crise continuam em uso. Há de fato negócios inacabados a resolver.

    UNFINISHED BUSINESS

    AUTOR Tamim Bayoumi

    EDITORA Yale University

    QUANTO R$ 110,45 (livro digital; 296 págs.)

    Edição impressa
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