Detroit, berço da indústria automotiva dos Estados Unidos, deixou há anos de ser a cidade que criava empregos industriais. Mas sua retomada entra em uma nova fase.

O mais recente marco dessa recuperação veio na semana passada, com o anúncio da instalação da primeira linha de montagem de veículos na cidade em 25 anos.

O indiano Mahindra Group anunciou que começaria a produzir veículos off-road em sua nova fábrica, em Auburn Hills, a partir do início do ano que vem, e indicou que tem mais ambições para o mercado americano.

"Estamos aqui para expandir os negócios do Mahindra nos EUA", disse Rick Haas, presidente das operações automobilísticas do Mahindra na América do Norte.

O presidente do conselho da empresa, Anand Mahindra, se inspira no trabalho de outro empreendedor automobilístico, Elon Musk. Citando o sucesso da Tesla, a start-up de carros elétricos de Musk, ele disse que as barreiras ao sucesso no mercado automobilístico estão caindo.

"Quanta gente disse a Elon Musk que ele não deveria ter esperança de entrar no mercado automotivo?", disse.

A empresa produz carros e caminhões na Índia e na Coreia do Sul, mas até agora era conhecida nos EUA como maior fabricante mundial de tratores. Detroit agora entra no foco para o crescimento de seus negócios nos EUA, que incluem a fabricação de bicicletas elétricas e scooters.

A presença do Mahindra em Detroit ainda é pequena, com US$ 230 milhões investidos na fábrica, no centro técnico e em duas operações relacionadas, que no total empregam 270 pessoas.

A empresa planeja montar 5.000 veículos off-road no primeiro ano e depois dobrar o volume. Como base de comparação, a última grande fábrica construída em Detroit —uma linha de montagem da Fiat Chrysler inaugurada em 1992— produz mais de 300 mil jipes por ano.

Mas a nova fábrica reitera o fato de que Detroit voltou a atrair investimento. A região ainda é uma fonte de talento de engenharia e incubadora de tecnologia para carros elétricos e autoguiados.

O Mahindra já opera uma central de design e engenharia ao norte de Detroit para criar protótipos de veículos.

Outras estrangeiras também investiram no país. Empresas chinesas adquiriram a antiga divisão de sistemas de direção da General Motors em Michigan e uma fábrica de vidros para veículos em Ohio. Um dos maiores fornecedores de autopeças em Detroit é a Sakhti, indiana que está expandindo suas operações no sudoeste da cidade, uma das áreas mais devastadas pela crise.

Tradução de PAULO MIGLIACCI